Gestoras

Faria Limers sujam a botina: o que ASA e Genial querem na Agrishow

Firma de Alberto Safra busca negócios para o segmento de empresas, enquanto a Genial lança consórcio para compra de gado na feira de Ribeirão Preto

Agrishow 2025 | Crédito: Divulgação

RIBEIRÃO PRETO (SP) — Os faria limers estão sujando a botina. Na Agrishow, feira de máquinas realizada nesta semana em Ribeirão Preto (SP), pelo menos duas gestoras paulistas montaram estandes — com propósitos bastante distintos. A ASA estreou na feira neste ano com foco nas empresas, enquanto a Genial — já veterana no evento — buscou estreitar o relacionamento com produtores.

No caso da firma de Alberto Safra, que caminha cada vez mais para se tornar uma fintech independente dos negócios da família, a presença na feira teve como objetivo engordar o segmento enterprise da casa, que atende companhias que faturam de R$ 100 milhões a R$ 4 bilhões. 

“Nós somos muito focados em serviços, oferecendo conta, cobrança, pagamentos, recebimentos… Toda a solução financeira que o cliente pode usar na parte de fluxo de caixa, além de trabalharmos com produtos estruturados”, diz Rogério Gravena, superintendente comercial do ASA Empresas.

O ponto forte da carteira são CCBs (cédulas de crédito bancário), notas comerciais, antecipação de recebíveis e cessão. Hoje, essa divisão enterprise tem uma carteira de crédito de R$ 1,5 bilhão, com metade desse total ligado ao ecossistema do agronegócio — compreendendo desde indústrias até o transporte logístico. A operação foi oficialmente inaugurada em outubro do ano passado. 

A meta dentro do agronegócio não é divulgada publicamente, mas, além da ida à Agrishow, a ASA já começou a formar base em outros estados com uma forte presença do agronegócio, como Paraná, Rio Grande do Sul, Goiás e Mato Grosso. Em breve, a firma deve abrir três novos escritórios: Campo Grande (MS), Cuiabá (MT) e Uberlândia (MG). 

“Contratamos profissionais experientes e com um bom relacionamento nessas regiões. Nesse negócio, confiança é um ponto primordial. Além disso, nós temos taxas atraentes e boa flexibilidade de prazo”, frisa Gravena, sem abrir mais detalhes. Ao todo, na divisão de empresas (dedicadas a diferentes setores) são 80 pessoas, egressos de outros bancos. 

Em paralelo, o cross-sell entre clientes private, de quem a gestora já administra fortunas, e serviços para empresas é um ponto defendido pela ASA em sua oferta a diferentes setores, incluindo o agronegócio. 

“Ficamos todos até no mesmo andar, para que a gente tenha essa interação um com o outro — sempre respeitando o sigilo, mas com uma sinergia muito grande”, explica Gravena.

Foco no produtor

Se o foco da ASA está nas empresas, a Genial foi à Agrishow pela terceira vez para lançar um produto voltado ao pecuarista: um consórcio para compra de gado. 

“A Genial sempre teve produtos voltados para o agronegócio, principalmente na parte de commodities agrícolas. Agora, estamos aumentando nossa exposição com o Genial Agrobank”, afirma Ighor Felipe, diretor B2B da Genial Investimentos.

O primeiro produto da nova vertical é o Consórcio do Boi, voltado à aquisição de animais com uma taxa de 3,6% ao ano e prazo de pagamento de 60 meses. A atratividade do produto se dá de duas formas: como instrumento de planejamento ou como uma ferramenta de alavancagem. 

“Na questão do planejamento, o pecuarista vai pagando as cotas e, no momento contemplado, ele tem o capital para aumentar o rebanho”, explica Felipe.

Já como ferramenta de alavancagem, o executivo dá o seguinte exemplo: “Pense numa situação em que o pecuarista iria arrematar um lote de bois por R$ 500 mil. Em vez de comprá-los, ele dá um lance numa carteira de crédito de R$ 1 milhão e, se contemplado, ele dobra o seu poder de compra”, diz.

A gestora estima vender R$ 200 milhões nesse consórcio até o final do ano. Nesse primeiro momento, as cartas de crédito vão de R$ 300 mil a R$ 600 mil, buscando atrair, no limite mínimo, um pecuarista que tenha pelo menos 100 cabeças de gado. 

“Para um produtor mais robusto, é pouco dinheiro, mas ele pode pegar mais de uma carta de crédito, chegando no limite máximo de R$ 10 milhões em cotas”, explica Felipe. 

Para chegar aos primeiros clientes, a Genial vai “pescar no aquário” com os clientes que atuam no agronegócio mas contratam outros serviços dentro da gestora. Nos próximos meses, será montada uma lista com os potenciais interessados para, no segundo semestre, lançar efetivamente o produto.