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Crédito rural e o MCR: inteligência analítica como pilar estratégico

Gestão eficaz de riscos no agronegócio envolve o monitoramento do desempenho das lavouras financiadas, escreve Marcelo Pimenta

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O acesso e a gestão eficiente do crédito rural representam a espinha dorsal do crescimento sustentável para o agronegócio brasileiro. Nesse cenário, o Manual de Crédito Rural (MCR), do Banco Central, vai além de uma simples compilação de normas, configurando-se como um guia estratégico essencial para o desenvolvimento do setor e para a atuação informada das instituições financeiras.

No dinâmico ambiente do agronegócio, a Serasa Experian acompanha de perto as nuances do mercado, reconhecendo a importância do MCR como um catalisador para o avanço da produção, o fomento da inovação e a busca por maior transparência nas operações de crédito.

O mercado de crédito rural passa por uma constante metamorfose, impulsionado tanto pelas tendências do sistema financeiro quanto pelas particularidades do setor agropecuário . A crescente relevância dos critérios ESG (Ambiental, Social e de Governança) exige uma análise mais abrangente na concessão e gestão do crédito. Essa integração de fatores representa uma diretriz fundamental, demandando soluções que auxiliem as instituições financeiras a incorporarem esses aspectos em suas avaliações, visando a mitigação de riscos e a promoção de práticas mais alinhadas com a sustentabilidade.

Nesse contexto, a inteligência analítica se destaca como um instrumento valioso para otimizar os processos de análise e concessão de crédito rural. A experiência da Serasa Experian no setor nos permite aplicar nossa expertise para ir além das abordagens tradicionais. Incorporamos dados que abrangem a performance do produtor, as características específicas de cada região, os insumos utilizados e informações cruciais de natureza socioambiental.

Essa visão holística capacita os credores a identificarem áreas de menor risco, a desenvolver modelos de crédito mais aderentes à realidade de cada produtor e propriedade, e, por conseguinte, a ampliar o acesso ao financiamento com condições mais equitativas. A capacidade de confirmar a destinação do uso do solo e de acompanhar a evolução das operações ilustram como a inteligência analítica pode aprimorar a assertividade e a segurança nas decisões de crédito.

A gestão eficaz de riscos no agronegócio também envolve o monitoramento do desempenho das lavouras financiadas. As ferramentas de acompanhamento de safras, impulsionadas pelo processamento de imagens de satélite e pela inteligência artificial, oferecem uma perspectiva em tempo real do desenvolvimento das culturas em larga escala.

Essa capacidade permite às instituições financeiras verificarem a correta aplicação dos recursos, otimizar a fiscalização de programas como o Proagro e outros requisitos regulatórios, gerando economia de tempo e custos operacionais. A detecção precoce de potenciais problemas e a emissão de alertas durante o ciclo da safra contribuem significativamente para a redução da exposição a riscos futuros.

A análise de dados permite ainda um olhar atento sobre a dimensão socioambiental das operações de crédito. Com o monitoramento contínuo das áreas financiadas e dos produtores , soluções de inteligência analítica podem sinalizar potenciais irregularidades, protegendo os credores de passivos e fomentando a adoção de práticas mais sustentáveis no campo, em consonância com as diretrizes do MCR.

Reconhecendo a heterogeneidade do sistema financeiro, a Serasa Experian busca adaptar suas soluções para atender às necessidades específicas das diversas instituições que atuam no crédito rural, sejam elas bancos públicos ou privados, cooperativas de crédito ou fintechs. Essa flexibilidade assegura que cada tipo de instituição possa maximizar o potencial da inteligência de dados para aprimorar sua gestão de crédito de forma eficaz.

O futuro do crédito rural aponta para um cenário de inovação constante. A aplicação de tecnologias como inteligência artificial, big data e sensoriamento remoto desempenhará um papel cada vez mais central no aumento da transparência, na otimização da análise de risco e na geração de valor para todos os elos da cadeia produtiva. Acreditamos que a democratização do acesso a dados relevantes e o estabelecimento de mecanismos seguros para a troca de informações entre os agentes do mercado são passos estruturantes para a construção de um futuro mais próspero e eficiente para o agronegócio brasileiro.

A colaboração estratégica também se mostra fundamental para impulsionar a inovação no setor. A parceria com outras empresas e entidades do agronegócio enriquece o desenvolvimento de soluções mais robustas e fortalece o apoio oferecido às instituições financeiras.

Em suma, a mensagem para o mercado é clara: aprimorar a gestão do crédito rural por meio da adoção de soluções tecnológicas e da análise inteligente de dados não configura apenas uma tendência, mas sim uma necessidade premente para assegurar a sustentabilidade e o crescimento robusto do agronegócio brasileiro, em estrita conformidade com as diretrizes do Manual de Crédito Rural e as crescentes demandas do mercado.

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Marcelo Pimenta é head de agronegócios da Serasa Experian.