O BNDES estuda criar um FGI (fundo garantidor) específico para o setor rural, afirmou Alexandre Abreu, diretor do banco de desenvolvimento, em evento realizado pelo Bradesco BBI nesta quinta-feira (11).
“Ainda estamos em fase inicial de estudos, mas a ideia seria fazer algum tipo de customização em relação ao que o FGI hoje oferece”, destacou Abreu.
O FGI é um instrumento criado pelo governo federal durante a pandemia, que tem como objetivo facilitar o acesso ao crédito por micro, pequenas e médias empresas. Os recursos reunidos nesse fundo funcionam como uma espécie de fiador das PMEs, permitindo que acessem juros menores.
“Hoje, a taxa de juros média para pessoa jurídica está em 40%, aproximadamente. As grandes empresas, grandes produtores, não pagam muito mais do que 19%, 18%. Logo, alguém está pagando 60%, 70%, e essa conta é paga pelas pequenas empresas”, explicou Abreu.
É uma estratégia que se provou, mesmo em um curto espaço de tempo. No ano passado, o fundo disponibilizou R$ 8 bilhões para alavancar os empréstimos, montante que foi multiplicado por dez em 2025.
“Muitas empresas que tomaram os recursos honraram os pagamentos e não precisamos usar o fundo. Em vez de pedir mais recursos ao Tesouro, repassamos esse limite de novo para os bancos”, frisou Abreu.
Hoje, não há uma restrição para o agronegócio acessar esses recursos, mas existe uma necessidade de aperfeiçoamento de prazos para realização dos pagamentos.
“Um dos fatores que limita a captação do FGI é a sazonalidade. A dificuldade de você ter fluxos contínuos de faturamento inibe a oferta”, destacou Daniel Federle, analista de research do Bradesco BBI.
O BNDES no agro
Além do FGI rural, Abreu destacou o papel das linhas em dólar dentro do banco de desenvolvimento. Desde que foi lançada, em 2023, a linha já disponibilizou R$ 14 bilhões ao agronegócio.
“É uma linha que está disponível para crescimento, à medida que a demanda vai surgindo, a gente vai colocando recursos”, destacou Abreu.
Trata-se de uma linha para exportadores, com juros de 8% a 9% ao ano. Os juros mais baixos do que a Selic estão relacionados à captação com bancos multilaterais, principalmente no exterior.
“Não queremos fazer hedge, queremos emprestar em dólar”, destacou Abreu.
Ainda nesse formato de captação, o banco também tem liberado recursos para o Fundo Clima. Como o BNDES também tem ativos em dólar, consegue captar dinheiro no exterior sem um peso relevante da variação cambial.
Daqui para frente, o banco de fomento também deve repassar recursos de um fundo subsidiado para atender às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, além dos créditos do Brasil Soberano, focado em atender as empresas e pessoas atingidas pelo tarifaço dos Estados Unidos.
“Vai sair de forma muito parecida com o Rio Grande do Sul, uma linha com prazo, taxa muito barata, abaixo da Selic. Temos muitas novidades”, ressaltou Abreu.