
BELÉM (PA) – Mariangela Hungria, pesquisadora da Embrapa Soja que venceu o Nobel da Agricultura este ano, virou celebridade nos corredores da Agrizone. A presidência da COP30 estendeu o horário das negociações até as 22h nesta sexta, enquanto o bate-bate de visitantes com olhos para baixo no celular não para na Blue Zone. Confira as curtas da COP:
POP STAR #1. Premiada após décadas de pesquisa, Mariangela Hungria, da Embrapa Soja, foi muito celebrada enquanto passeava pelos painéis e corredores na AgriZone. Ela foi laureada na edição 2025 do Prêmio Mundial de Alimentação, o “Nobel da Agricultura”, por suas pesquisas sobre insumos biológicos. Um exemplo é a fixação biológica do nitrogênio, na qual bactérias são inoculadas nas sementes de soja para que as raízes capturem o elemento da atmosfera. Segundo Jerri Zilli, da Embrapa Agrobiologia, o processo parece a fotossíntese — que faz caminho parecido com o carbono. E fixa 10 bilhões de toneladas de nitrogênio no solo do País por ano, ante 7,5 bilhões dos fertilizantes químicos.
POP STAR #2. Hungria afirmou ao The AgriBiz que só agora está conseguindo curtir o prêmio, tamanha a surpresa que teve. Ela relatou felicidade com o assédio de admiradores durante a COP30, e dedicou a láurea às mulheres, principalmente as mais jovens, que, espera, poderão se inspirar nela e se tornarem cientistas. “O que mais me emociona são as meninas que dizem: ‘se você conseguiu, quem sabe eu também possa’. Quero homenagear as mulheres, cujo trabalho na agricultura familiar é fundamental à segurança alimentar, mas é pouco valorizado.” Segundo a pesquisadora, seu sonho, agora, é que o prêmio motive gestores públicos e setor privado a ampliarem o financiamento da ciência agrícola tropical.
CELL PHONE ZOMBIES. No corredor (ou avenida?) principal da Blue Zone, ser abalroado por alguém caminhando (rápido) e com os olhos para baixo no celular é apenas normal. Os visitantes devem ficar atentos — ou se preparar para o bate-bate (um “foi mal, I beg your pardon” também cai bem).
HORA EXTRA. A presidência da COP30 estendeu o horário de encerramento das sessões de negociações de sexta-feira, das 18h para as 21h. Na quinta, os negociadores também fizeram serão.
PACÍFICA. Representantes do povo Munduruku e do movimento Ipereg Ayu realizaram um bloqueio parcial da entrada da Blue Zone, o principal palco de negociações na COP30, durante cerca de duas horas na manhã desta sexta-feira. O ato pedia uma reunião com o presidente Lula e a revogação do decreto 12.600/2025, que cria o Plano Nacional de Hidrovias e fixa os rios Tapajós, Madeira e Tocantins como eixos prioritários para navegação de cargas agrícolas. Após o protesto, a liderança dos indígenas, Alessandra Korap, foi recebida pelo presidente da Conferência, André Corrêa do Lago, e pelas ministras Marina Silva (meio ambiente) e Sonia Guajajara (povos indígenas).
ANTIDESASTRES. O BNDES assinou um protocolo de intenções com a Marinha e o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais para mobilizar R$ 100 milhões para estudos para a criação de um Plano Nacional para Enfrentamento aos Desastres Naturais. As instituições vão reunir institutos de pesquisa, defesa civil, setor produtivo e especialistas para concluir o Plano até outubro de 2026.
PROGRESSO. Na análise de Rodrigo Lima, sócio-diretor da Agroicone, falta entender melhor os detalhes do plano antidesastres, mas a sinalização é positiva: “Sem dados, a gente corre um risco maior. Ter análise científica séria é bastante relevante”. Lima ressalva certa redundância da novidade com os planos setoriais de adaptação climática que foram aprovados neste ano, mas afirma que, mesmo assim, “é um aprimoramento”.
FORNECEDORES. Em evento na AgriZone, a ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, anunciou a expansão do Contrata+Brasil para a compra de alimentos. No ar desde fevereiro, a plataforma permite que pequenos negócios possam vender para entidades de governo — e agora passa a permitir a participação de microempreendedores individuais (MEI) e de estimados 3,7 milhões de agricultores familiares. Em nove meses, a ferramenta movimentou mais de R$ 7 milhões.