
A resistência cada vez maior da lagarta-do-cartucho às tecnologias inseridas no milho transgênico abriu um novo flanco de inovação na indústria brasileira de insumos biológicos.
Em uma aposta na capacidade revolucionária do RNAi na agricultura, a paulista Vitalforce — companhia de bioinsumos controlada pela família Trecenti — se associou à Bsafe Biotech para desenvolver um bioinseticida capaz de combater a lagarta-do-cartucho (a famigerada spodoptera frugiperda).
Essa é a primeira parceria de codesenvolvimento da startup liderada por José Tomé, o empreendedor que ajudou a conformar o ecossistema de inovação do Vale do Piracicaba com a criação do Agtech Garage, posteriormente vendido à PwC.
Há pouco mais de um ano na Bsafe, Tomé estruturou o modelo de negócios de uma startup que conta com um time de seis pesquisadores coordenados por Paulo Ribolla, professor do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, no interior paulista.
Com a parceria, a Vitalforce faz um investimento inicial para viabilizar a pesquisa. A ambição é que, em dois anos, o produto esteja pronto para chegar ao mercado. Quando isso acontecer, a companhia vai multiplicá-lo na fábrica de Barretos, e a Bsafe ficará com os royalties pelo desenvolvimento.
“Tudo o que for RNA interferente vai ter espaço no futuro. É uma tecnologia super promissora”, disse Sheilla Albuquerque, CEO da Vitalforce, em entrevista ao The AgriBiz.
Na avaliação da executiva, a resistência da lagarta-do-cartucho ao milho transgênico só vai crescer nas próximas safras, o que amplia a necessidade de um bioinseticida capaz de combatê-la.
Segundo Albuquerque, a rota de desenvolvimento da Bsafe chamou a atenção por ser mais escalável e barata, um elemento crucial para ganhar mercado no agronegócio. No modelo da biotech liderada por Tomé, os bioinseticidas são produzidos a partir da fermentação, com leveduras.
Para Tomé, a parceria com a Vitalforce viabiliza o desenvolvimento. “É uma prova de comprometimento e interesse. Precisa de perfil empreendedor para topar entrar nessa fase de desenvolvimento”, resumiu.