Na luta contra os estoques

FMC vê mais um trimestre tenebroso pela frente; ações desabam

Empresa estima queda de 82% no lucro do primeiro trimestre, com impacto de estoques altos, vendas em queda e preços baixos

A FMC, gigante americana de defensivos agrícolas, desenhou mais um trimestre extremamente difícil, com queda nas vendas, esforços para reduzir estoques e preços baixos. As ações reagiram com uma queda expressiva na Bolsa de Nova York. Por volta das 12h20 (horário de Brasília), os papéis caíam 9,7%.

Em seu novo guidance de resultados, a empresa estimou uma queda de 82% no lucro por ação no primeiro trimestre de 2024, em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda deve cair 59%, impactado por uma redução no volume de vendas e ações para diminuir os inventários. A receita deve cair 26%, com os preços na América Latina e na Ásia subindo apenas um dígito baixo.

No último trimestre do ano passado, os preços caíram 5%, contribuindo para uma queda de 25% na receita consolidada da FMC. Na América Latina, as vendas caíram 41%. Segundo o CEO, Mark Douglas, a seca no Brasil aumentou os desafios da indústria.

O movimento de redução nos estoques continua em todas as regiões onde a FMC atua, assim como ações que visam uma reestruturação em seus negócios. O Brasil certamente será o país mais afetado, com demissões. Durante encontro com investidores em novembro, o CEO também disse que a FMC estava focada em reduzir custos com empresas terceirizadas e reavaliando projetos para eleger prioridades.

Segundo Douglas, essas ações vão ajudar a FMC a entregar resultados melhores a partir do segundo semestre. No release de resultados que acompanhou o balanço de 2023, o CEO classificou 2024 como um “ano de transição”.

“As ações estruturais que estamos tomando agora, combinadas com a natureza transitória da maioria dos desafios de custo, devem proporcionar uma base sólida para alcançarmos nossas metas de médio prazo, incluindo nossas projeções financeiras inalteradas para 2026”, disse Douglas.

Melhora no segundo semestre

A expectativa é de que a demanda aumente ao longo do ano, e que o nível dos estoques finalmente caia, abrindo espaço para uma melhora no fluxo de caixa livre em mais de US$ 1 bilhão, ficando entre US$ 300 milhões e US$ 400 milhões em 2024. A empresa queimou US$ 524 milhões em caixa no ano passado.

A FMC estimou um Ebitda ajustável praticamente em linha com 2023, com os resultados do segundo semestre impulsionados por um crescimento das vendas de novos produtos e economias provenientes de sua reestruturação. O lucro por ação deve aumentar 1%, enquanto a receita pode crescer em torno de 2,5%.

O novo guidance é um pouco mais pessimista do que o apresentado em novembro, quando os executivos da FMC disseram esperar um crescimento de 8% no Ebitda e de 3% na receita em 2024.

Em 2023, a FMC reportou uma queda de 23% na receita, para US$ 4,5 bilhões, e uma redução de 49% no lucro ajustado, que ficou em US$ 3,78 por ação. O Ebitda ajustado caiu 30%, para US$ 978 milhões.

A FMC está avaliada em US$ 7,6 bilhões na Bolsa de Nova York.