
“Brazil, right now, is looking good”. Foi assim que Pierre Brondeau, CEO da FMC, começou a responder à pergunta de Vincent Andrews, analista do Morgan Stanley, sobre o desempenho da multinacional no País.
A motivação da pergunta e o alívio trazido na resposta do executivo têm razão de ser, tamanha a desconfiança dos investidores — no ano, as ações caem quase 20% — e a representatividade do Brasil no resultado.
Responsável por um quarto das vendas da FMC, o Brasil é o maior mercado da companhia, e pesou negativamente sobre o balanço durante a crise que abarrotou os estoques da distribuição de insumos agrícolas na safra 2023/24.
Finalmente, as notícias vindas do Brasil são positivas. Em uma teleconferência nesta quinta-feira, Brondeau disse que a operação brasileira já fechou de 30% a 40% do total de carteira de pedidos projetada para entrega no segundo semestre.
“É um percentual muito maior do que o que tivemos nos últimos dois anos. É apenas julho, mas estamos ligeiramente otimistas em relação ao Brasil”, disse o executivo, ponderando que os pedidos feitos ainda não são negociadores fechadas — e, principalmente, faturadas.
Aos analistas, o CEO afirmou que a FMC passou o primeiro semestre inteiro se preparando para crescer na segunda metade do ano — com o Brasil desempenhando um papel de destaque até o fim do ano.
Para chegar até lá, a companhia desenvolveu uma rota adicional de vendas no País, que envolve o acesso direto a grandes produtores de soja e milho, contornando as dificuldades financeiras das revendas.
“Já temos uma equipe treinada, que está fazendo as primeiras conversas com os produtores”, contou Brondeau. As primeiras vendas dessa divisão são esperadas para o terceiro trimestre, justamente no início da safra de soja.
Ronaldo Pereira, CEO da divisão brasileira da FMC, ressaltou que a situação econômica dos produtores brasileiros está melhor, principalmente graças à forte safrinha de milho.
“No geral, eu diria que as margens estão mais apertadas do que há dois anos e meio, mas não a ponto de influenciar produtores sobre sua decisão de área plantada. Esperamos uma próxima safra completa no Brasil”, disse Pereira, no call.
O balanço da FMC
No segundo trimestre, cujos resultados forma divulgados na quarta-feira à noite, as vendas da FMC na América somaram US$ 310 milhões, praticamente estáveis ano a ano (considerando as variações cambiais).
Globalmente, as vendas da FMC somaram US$ 1,05 bilhão, aumento de 1% em relação ao segundo trimestre do ano passado, refletindo um aumento de 6% em volume de vendas, mas uma queda de 3% em preço.
O Ebitda ficou 2% maior, em US$ 207 milhões, refletindo uma boa dinâmica de custos, mas uma piora em preço e câmbio. O lucro por ação tombou 77% — refletindo ganhos tributários reportados no mesmo período do ano anterior.
Junto com os resultados, a FMC também anunciou que vai deixar a Índia, devido aos desafios operacionais no País.
Por causa disso, a companhia rebaixou as próprias projeções para o ano, refletindo uma redução de 2% em receita na comparação ao ano passado — considerando a ponta média do guidance.
Não à toa, as ações da FMC sofreram. Os papéis caíram mais de 5,5% na bolsa de Nova York. Atualmente, a companhia está avaliada em US$ 4,8 bilhões. Em doze meses, as ações amargam uma queda de 33%.