Venture capital

Rural Ventures avança em fundo de R$ 50 milhões — Oriz embarcou na tese

“A ideia é fechar esse fundo, no mais tardar, no começo de outubro”, afirmou André Amorim, cofundador da gestora

Fernando Rodrigues, sócio-fundador da Rural Ventures

Depois de testar as águas do venture capital com club deals, a Rural Ventures está avançando nas conversas para captar seu primeiro fundo. A gestora de Fernando Rodrigues e André Amorim quer captar R$ 50 milhões para o FIP, que vai investir em 20 empresas de tecnologia ligadas ao agronegócio.

O foco dos aportes são startups em estágio inicial que atuem em toda a cadeia do setor, como insumos, fertilizantes, crédito, gestão e maquinário dentro da fazenda, marketplaces e soluções de sustentabilidade depois da porteira.

Serão aportes para a compra de 5% a 10% de participação no capital dessas empresas, com investimentos que devem acontecer ao longo de três anos. Ao todo, o fundo de tem um prazo de dez anos — o período usual para o ciclo de investimento e desinvestimentos.

A Rural tem compromissos de investimento que representam mais da metade dos R$ 50 milhões que pretende captar, segundo André Amorim, co-fundador da Rural Ventures. “A ideia é fechar esse fundo, no mais tardar, no começo de outubro”, afirmou, ao The AgriBiz.

O plano é captar esse montante principalmente com investidores que tenham uma vivência direta no setor. O racional é que empresários ligados ao agro terão um acesso direto às empresas investidas — e poderão se beneficiar da tecnologia delas ao longo do tempo, com um benefício que vai além do retorno em si.

“O investidor vai ganhar muito mais dinheiro se beneficiando do acesso à tecnologia para os negócios deles do que com o investimento aqui. O dinheiro é pequeno, o nosso principal foco é fomentar o acesso ao ecossistema de tecnologia”, destaca Amorim.

O fundo tem um retorno esperado (TIR) de 32,8%, com um retorno mínimo (hurdle rate, no jargão) de IPCA+6%. O FIP será distribuído na plataforma de wealth services da XP Investimentos — um reflexo da experiência de quase 20 anos de Amorim na firma de Guilherme Benchimol.

“A ideia é facilitar o acesso ao fundo para diferentes investidores e parceiros nossos de longa data, viabilizando a captação junto a clientes ligados a diferentes cadeias do agronegócio”, explica Amorim.

Um desses parceiros é a Oriz Partners, gestora de Carlos Kawall. A gestora já tem um compromisso de investimento no veículo e, nesta manhã, realizou um café em Ribeirão Preto (SP) com o objetivo de apresentar a tese a investidores da região.

Para isso, a gestora conta com a experiência dos bankers Brunna Viana e Marcos Germano, sócios dedicados à área de agronegócio. “A gente gosta do olho no olho, presença no campo, entender a realidade de cada parceiro”, destaca Viana.

Germano, inclusive, nasceu em Ribeirão Preto. “Nosso papel é somar, gerar valor e construir soluções junto com os produtores e empresários da região”, afirma o banker.  

Hoje, cerca de 10% dos recursos sob gestão da Oriz têm origem em clientes ligados ao agronegócio. Em 2024, a gestora chegou a lançar um Fiagro de terras, que captou R$ 300 milhões, focado na recuperação de áreas degradadas.