
A Agroadvance está mais perto de estrear os cursos de graduação. Depois de se tornar uma das referências em educação digital no agronegócio, a escola de negócios liderada por Fernando Reis e Pedro Bernardes atraiu SLC e Ânima Ventures como investidores, ganhando musculatura para a nova fase.
Em uma rodada pré-Série A recém-concluída, a Agroadvance levantou R$ 9,5 milhões, renovando a aposta dos atuais investidores — firmas como SP Ventures e Arar Capital — e trazendo dois novos sócios tarimbados, com ampla experiência em gestão agrícola e expertise em educação.
“Imagina um MBA sobre gestão de propriedade agrícola com uma imersão em uma fazenda da SLC”, disse Reis, mencionando as inúmeras sinergias que o investimento feito pela SLC Ventures — o braço de corporate venture capital da companhia da família Logemann — pode trazer para a Agroadvance.
Com a Ânima Ventures, as possibilidades são amplas, conta o CEO da Agroadvance. A atração do CVC da Ânima Educação, grupo educacional fundado por Daniel Castanho, pavimenta o caminho para a Agroadvance não só lançar primeiros os cursos de graduação, como expandi-los pelo País.
Além de fornecer as licenças do Ministério da Educação para os cursos de agronomia, administração de empresas e engenharia de produção — todos com uma grade curricular focada em agro, a Ânima conta com uma estrutura em mais de dez estados do País, o que vai permitir à Agroadvance ter cursos nas principais regiões agrícolas do Brasil.
Os cursos de graduação da Agroadvance terão dois modelos: boa parte deles será híbrido, com 30% da participação no curso obrigatoriamente de forma presencial; e três cursos totalmente presenciais.
“Esse é um modelo muito mais escalável”, disse Reis, que reconhece a importância de contar com uma experiência presencial de ponta. “As experiências de presencialidade, seja em imersões em grandes grupos como a SLC ou em instituições de pesquisa, são fundamentais”, completou.
A previsão da Agroadvance é que os primeiros cursos de graduação sejam lançados em 2026. “Com esse modelo, a nossa expectativa é que em dois ou três anos vamos ter 2 mil alunos cursando graduação”, afirmou, mencionando a experiência da escola nos cursos de MBA. “Em um ano e meio, já são 3 mil alunos no nosso MBA”, ressaltou.
Com a possibilidade de escalar rápido também nos cursos de graduação, a Agroadvance quer atacar uma lacuna relevante do agro brasileiro: a escassez de mão-de-obra qualificada, um problema que só cresce conforme a área plantada no Brasil se expande.
“A Esalq, onde estudei com maior orgulho, não consegue escalar. São 1 mil hectares em Piracicaba, com um investimento relevante em folha de pagamento para formar apenas 170 agrônomos por ano. Não faz o menor sentido diante das necessidades do agro brasileiro”, argumentou Reis.
Frederico Logemann, da SLC Ventures, faz coro ao argumento da Agroadvance. “A educação com escala é uma das revoluções que a SLC Ventures quer participar. Existe uma lacuna da academia tradicional”, disse.
Na Agroadvance, a escala é um elemento que ajuda na formação de profissionais para o agronegócio, mas também faz todo o sentido para o modelo de negócio. A empresa precisa de um número mínimo de alunos para começar a gerar caixa, uma rota que ainda precisa ser alcançada. Nas projeções da Reis, a companhia pode chegar ao breakeven em novembro.
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A Agroadvance não foi a única a enxergar a oportunidade de desbravar a educação no agronegócio. A companhia tem concorrentes como a Harven, universidade criada em Ribeirão Preto por uma sociedade entre o grupo do empresário Chaim Zaher e a consultoria Markestrat, e a Rehagro, companhia mineira investira por gestoras como Tarpon 10B e GK Ventures.