
Num esforço de estreitar ainda mais o relacionamento com o produtor rural, o Broto, marketplace do Banco do Brasil, tirou do papel uma iniciativa gestada ao longo do último ano. O Clube Broto, lançado oficialmente na Agrishow, se torna agora mais uma linha de negócios operada pela plataforma — que já atua como marketplace e oferece serviços como crédito e seguros.
O novo produto tem o objetivo de funcionar como um clube de descontos, trazendo produtos, serviços e cursos a produtores rurais, a partir de uma curadoria feita pela própria equipe do Broto — focando em condições mais vantajosas de pagamentos do que as de mercado. O produto já estreia com 35 parceiros (vendedores) e planos de vender 100 mil assinaturas até 2028. Cada uma custa R$ 14,90 mensais.
A ambição reflete o tamanho da audiência que o Broto conquistou ao longo de cinco anos de operação. Hoje, a plataforma tem 300 mil produtores rurais cadastrados e bateu, no último mês, a marca de um milhão de acessos, um recorde desde a criação do produto.
“Temos um público bastante heterogêneo, mas nosso foco é democratizar o acesso à tecnologia principalmente para os pequenos e médios produtores”, explica Francisco Roder Martinez, diretor executivo do Broto.
A maior parte dos acessos vem do Sudeste e do Sul. Cerca de 67% dos produtores têm propriedades de até 1.000 hectares e 53% são pequenos agricultores com receita bruta agropecuária de até R$ 360 mil por ano.
É o resultado de um trabalho que começou em 2020, na época da divulgação do Plano Safra, em plena pandemia. Na ocasião, estavam suspensas as feiras físicas — o que motivou o BB e as empresas de máquinas a procurarem uma alternativa.
Dessa união de forças, saiu do papel a primeira versão do Broto. Num evento online realizado naquele ano, foram gerados, por meio da plataforma, mais de R$ 800 milhões em negócios.
De lá para cá, já são 19 categorias (as máquinas permanecem) e mais de 1.000 empresas. No ano seguinte, o app começou a trazer também ferramentas de crédito e os seguros da Brasilseg, até que o Broto se tornou, em 2023, uma empresa apartada — com 50% de participação do BB e a outra metade, da seguradora.
No marketplace, o Broto teve um GMV de cerca de R$ 5 bilhões no ano passado, com a meta de chegar a R$ 10 bilhões neste ano. Para atingir a meta, além do Clube Broto, a plataforma também lançou, há poucos meses, operações de barter, focadas na compra de insumos.
No Clube, o foco está em olhar atentamente para o que o produtor rural precisa, tanto em produtos quanto em serviços. Uma oferta que consta no clube a partir dessa percepção é, por exemplo, um serviço de consultoria em regularização fundiária, conta Martinez.
Além dele, o clube também faz o meio de campo para a venda de produtos de telemetria para fazer a gestão à distância das fazendas e software para gestão de propriedades, bem como drones, sensoriamento remoto e crédito de carbono.
Os sellers que oferecem esse tipo de serviço vão de grandes empresas a agtechs. Entre as startups, estão a AQUi9 — parte de um programa de aceleração do BB e que desenvolve tecnologia para piscicultura — e a Vankka, focada no mercado de crédito de carbono.
“São temas em que o produtor em geral sabe que deveria fazer ou sabe que vai ter benefícios ao adotá-los. Nosso trabalho é fazer a ponte para que isso aconteça”, diz Martinez.
Para isso, o Broto não pesca somente no aquário do Banco do Brasil — que conta com mais de dois milhões de produtores rurais cadastrados. Hoje, mais da metade da base da plataforma vem de fora do banco, um comportamento que acompanha a linha de sucessão nas fazendas.
“Nós percebemos que existe uma preferência do pessoal que está assumindo a gestão das propriedades pelo digital. Isso também acaba trazendo esses novos gestores, que nos procuram para a oferta de serviços e veem também uma forma de acessar o crédito do banco”, destaca Martinez.