Meteorologia

Um ano após tragédia, chuvas fortes voltam ao Rio Grande do Sul — mas com menor intensidade

Apesar de volumosa, a chuva deve ser absorvida com menos dificuldades desta vez, pois o solo está mais seco e os rios apresentam vazão reduzida

Exatamente um ano após as inundações que devastaram mais de 90% dos municípios do Rio Grande do Sul, o estado volta a enfrentar um novo episódio de chuvas intensas. Desta vez, porém, a previsão é de impactos bem mais brandos do que os registrados em 2024.

Entre o final de abril e o início de maio do ano passado, a precipitação acumulada chegou a impressionantes 700 mm em menos de dez dias — volume equivalente ao de uma estação inteira. Agora, a expectativa é de até 200 mm na Fronteira Oeste do estado entre esta quinta-feira e domingo. Somente nesta quinta-feira, o acumulado já alcançou 115mm em Alegrete.

Apesar de significativo, o volume deve ser absorvido com menos dificuldades, já que o solo está mais seco e os rios apresentam vazão reduzida. Além disso, com a colheita da soja e do milho estão praticamente concluídas, não espera-se impactos nas lavouras.

A nova frente fria responsável pelas chuvas não deve se manter estacionada sobre o território gaúcho, o que reduz o risco de alagamentos prolongados. Além disso, as regiões mais castigadas em 2024 — como os vales do Taquari e do Jacuí — devem registrar apenas acumulados modestos desta vez.

A precipitação mais intensa se concentrará na fronteira com o Uruguai e no nordeste da Argentina. Em algumas localidades, a chuva será até bem-vinda: os reservatórios usados para irrigação seguem baixos após a estiagem do verão.

O sistema avança em seguida para outras regiões do País. Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro e Espírito Santo devem registrar chuvas fracas no fim de semana.

Já no sul da Bahia, o cenário é diferente. A região produtora de cacau, café e pastagens pode receber até 250 mm de chuva na primeira metade da próxima semana. No último feriado prolongado, municípios do Recôncavo Baiano, como Santo Amaro, já haviam acumulado mais de 300 mm em quatro dias.

Modelos meteorológicos também apontam para uma possível virada no tempo entre o fim de maio e o início de junho, com instabilidades se formando no Pacífico e avançando pelo norte do Chile até alcançar as regiões Sudeste e Centro-Oeste do Brasil. Caso se confirmem, essas chuvas fora de época podem atrasar a colheita da cana-de-açúcar e do café, mas beneficiar o milho safrinha, plantado tardiamente.

Após esse novo episódio de precipitação, também não está descartada uma queda mais acentuada nas temperaturas no centro e sul do país. No entanto, ainda não há consenso entre os modelos meteorológicos sobre a intensidade da massa de ar polar e seus possíveis impactos na agricultura.