Verão terá chuva abaixo do normal | Crédito: Schutterstock

O verão será tão ou mais desafiador do que a primavera para a agricultura do Brasil. Depois de uma estação marcada por chuvas irregulares, o verão será caracterizado por precipitação abaixo da média e calor acima do normal na maior parte do Brasil.

Apesar de muito se falar do fenômeno La Niña, ele terá pouca influência nessas características, já que é fraco e deverá dissipar completamente dentro da estação. Os efeitos estarão mais associados ao afastamento dos sistemas chuvosos típicos do verão.

Em janeiro, a chuva deverá ficar muito abaixo da média nas regiões Nordeste, Norte, Sudeste e Centro-Oeste. Existem algumas poucas exceções, como precipitações mais recorrentes sobre os estados de São Paulo e Amazonas.

A falta de chuva poderá até ajudar a colheita de soja e o plantio da segunda safra de algodão no Centro-Oeste. Mas áreas de soja ainda em desenvolvimento sofrerão com o calor e chuva mais irregular em janeiro no Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste.

Além disso, é possível que existam efeitos negativos no desenvolvimento de café, laranja, milho, feijão e cana-de-açúcar. Apenas a região Sul terá chuva acima da média, favorável ao desenvolvimento de milho e soja no Rio Grande do Sul e de soja no Paraná.

Em fevereiro, novamente há previsão de chuva abaixo da média em boa parte do País. Apenas entre o Paraná e São Paulo e entre Rondônia e Mato Grosso, a precipitação será mais recorrente. E março, no último mês do verão, a estiagem poderá se agravar ainda mais no Sul, Sudeste e Nordeste do País.

Os próximos dias

Desde a terça-feira passada, quando tivemos a passagem do famoso ciclone extratropical responsável pelo vendaval no Centro e Sul do Brasil, a precipitação vem acontecendo de forma mais regular sobre o País.

No noroeste do Paraná, por exemplo, o acumulado já chega a quase 200 milímetros, o equivalente ao normal para todo o mês de dezembro. No Vale do Paranapanema, em São Paulo, e na metade sul do Mato Grosso do Sul, o acumulado atinge 150mm e 135mm, respectivamente. Mesmo no Centro e Norte do Brasil, apesar do menor acumulado, a precipitação foi suficiente para elevar a umidade do solo.

Nos próximos sete dias, a chuva será mais intensa sobre a metade norte do País, alcançando os estados de Mato Grosso e do Pará e o Matopiba.

Uma das maiores áreas produtoras do Brasil, a região de Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde, receberá mais de 100mm, representando quase metade do normal para todo o mês de dezembro. Embora a chuva excessiva paralise as atividades de campo, elas são bem-vindas após uma primavera caracterizada pela precipitação irregular.

Outro local que receberá chuva forte, porém apenas no início da semana que vem, será o Rio Grande do Sul. A estiagem em novembro trouxe perdas pontuais no milho, mas até o momento, o efeito do fenômeno La Niña está fraco, para alívio dos produtores gaúchos.

Do norte de Santa Catarina até o sul de Minas Gerais haverá pouca chuva, incluindo os estados do Paraná e de São Paulo. Como a umidade do solo nessas áreas está mais elevada, uma semana sem precipitação significativa é bem-vinda para a realização dos tratos culturais em áreas de soja, cana-de-açúcar, café e banana.

A temperatura fica mais baixa que o normal para época do ano em parte das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. Somente a região Sul, especialmente o Rio Grande do Sul, terá calor acima do normal com mais de 35°C no próximo fim de semana.

O período entre o Natal e Ano-Novo será caracterizado por chuva forte no Sul, litoral de São Paulo e Rio de Janeiro. Já o Matopiba entrará em um período seco mais prolongado a partir deste período, podendo trazer consequências negativas à agricultura no decorrer do verão de 2026.