Meteorologia

Sem chuva, início de junho contrasta com maio úmido no Sul

Período mais seco acelera plantio do trigo no Sul; colheitas avançam no Sudeste e Centro-Oeste

Lavoura de trigo recém-plantada; período sem chuva favorece plantio

O mês de junho iniciou de forma bem diferente do observado no início de maio na região Sul. O atual padrão mais seco ajuda a diminuir o nível do Guaíba e da Lagoa dos Patos entre Porto Alegre e o litoral do Rio Grande do Sul. No interior, a situação ajuda no plantio e manutenção de áreas recém-instaladas de trigo, cevada e aveia.

Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, o tempo seco ajuda no processo de colheita do algodão, cana-de-açúcar, café e segunda safra de milho.

Aliás, pela primeira vez desde o início do outono, espera-se um período seco mais longo no centro e sul do Brasil. Pelos próximos dez dias, a chuva será intensa apenas na faixa leste do Nordeste, situação que ajuda o desenvolvimento de cana, feijão e terceira safra de milho, além de áreas de arroz, soja e pastagens de Roraima.

Somente no início da segunda quinzena de junho, a precipitação mais intensa retornará à região Sul. O nível de rios e arroios voltará a aumentar, mas a tendência é de que não alcance valores críticos por conta do longo período sem chuva anterior.

Furacões

A temperatura do Atlântico Norte está bem maior que o normal neste início de temporada de furacões na América do Norte. De acordo com a Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, dos Estados Unidos, o ano de 2024 será histórico, com grande frequência e elevada intensidade de tempestades. Os primeiros deverão se formar em meados deste mês.

La Niña

A temperatura do oceano Pacífico equatorial, por outro lado, está em queda. O El Niño já faz parte do passado, mas o fenômeno La Niña não aparecerá tão cedo. A tendência é que o período de transição seja mais longo que o previsto inicialmente.

Os efeitos do resfriamento serão sentidos apenas mais para o fim da primavera de 2024 e decorrer do verão de 2025. A expectativa é de chuva mais intensa sobre as regiões Norte e Nordeste e precipitações mais fracas no Sul. Nas regiões Sudeste e Centro-Oeste, a maior correlação do La Niña é com a temperatura, e a tendência é de que o segundo semestre de 2024 não seja tão quente como foi a primavera passada.

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Celso Oliveira, colunista de The AgriBiz, é especialista em clima e tempo da Safira Energia. Atua há mais de 20 anos em previsões climáticas para a agricultura.