
O fenômeno La Niña já começou a se manifestar no oceano Pacífico. No Brasil, porém, ainda não há sinais claros de sua influência sobre o regime de chuvas. Até o momento, as precipitações têm se concentrado na região Sul, enquanto partes do Norte e Nordeste enfrentam chuva irregular e baixa umidade do solo, dificultando o plantio.
A irregularidade das chuvas também é observada em outras áreas do País, como em partes do Mato Grosso e de Goiás. Embora a Conab indique condições hídricas favoráveis ao desenvolvimento da soja, o Vale do Araguaia apresenta umidade do solo abaixo de 60%, limite mínimo necessário para as lavouras.
O solo também está mais seco do que o ideal no oeste de São Paulo, no Cerrado mineiro e no norte de Minas Gerais, áreas apontadas pela Conab como pontos de atenção.
Apesar dessas limitações, o plantio avança: cerca de 35% das áreas de soja do País já foram semeadas. O plantio também alcança quase metade das áreas de arroz, 25% da primeira safra de feijão e 40% da primeira safra de milho. Por outro lado, a colheita do trigo chega a quase 45%.
Até meados da próxima semana, a chuva será mais intensa nas áreas de arroz do litoral norte do Rio Grande do Sul e no litoral de Santa Catarina, além de boa parte dos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e de São Paulo, sul de Minas Gerais e sudoeste de Goiás. O excesso de precipitação — previsto em torno de 100 mm nessas regiões — deve diminuir o ritmo de plantio da soja.
Em São Paulo, a chuva ajuda a recuperar a umidade do solo e beneficia a cana-de-açúcar; em Mato Grosso do Sul, favorece a soja; e no sul de Minas, auxilia no desenvolvimento dos chumbinhos do café arábica após uma florada expressiva em outubro.
Junto à chuva, virá o frio, com temperaturas abaixo da média para a época em toda a região Sul e nos estados de São Paulo e Mato Grosso.
No Rio Grande do Sul, o frio está prolongando o desenvolvimento do milho, o que pode fazê-lo enfrentar estiagem no início do verão. Além disso, o solo permanece encharcado, atrasando a colheita do trigo e o plantio da soja.
Na metade norte do País, há previsão de chuva entre segunda e terça-feira da próxima semana, mas o solo deve continuar seco, já que o acumulado em sete dias ficará abaixo da média no Matopiba, norte de Minas Gerais, norte de Goiás e em todo o Mato Grosso.
A partir da semana seguinte, entre 6 e 12 de novembro, a chuva tende a aumentar e a superar a média em parte dessas regiões, especialmente no Matopiba , norte de Goiás e Mato Grosso. Ainda assim, em Mato Grosso a umidade do solo continuará insuficiente, sem alcançar a média esperada para o período.