A primeira semana de janeiro foi caracterizada pelo maior volume de chuvas desde o início do período úmido no centro e norte do Brasil. A formação de uma Zona de Convergência do Atlântico Sul canalizou a umidade da Amazônia e gerou acumulados entre 100 milímetros e 150 milímetros em partes de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rondônia, Pará, Tocantins e Bahia.
Por consequência, a umidade do solo aumentou consideravelmente e estancou perdas. Vale salientar, no entanto, que o estrago está feito: áreas instaladas mais precocemente e com variedades de ciclo curto não devem ter recuperação. Tanto que as consultorias vêm revisando sistematicamente para baixo a projeção de grãos, especialmente soja.
Uma eventual mitigação deste prejuízo ficará por conta das áreas instaladas de forma mais tardia e com variedade de ciclo mais longo, que suporta mais a estiagem.
A preocupação na safra não fica apenas com a soja e outras culturas também sentem o efeito do clima adverso. Por exemplo, parte do plantio de arroz no Rio Grande do Sul aconteceu de forma mais tardia que o ideal, que por si só já diminui o potencial produtivo. Mas além disso, verões sob o fenômeno El Niño são mais nublados e costumam prejudicar o desenvolvimento do cereal.
Outra questão é que a chuva registrada na semana passada ainda não pôs um ponto final à estiagem. Aliás, a distribuição da precipitação sobre o Brasil parece uma mistura cobertor curto e cheio de buracos: se cobre a cabeça, descobre os pés. E mesmo sobre o centro e norte do país, a quantidade de chuva foi baixa sobre o oeste e sul de Mato Grosso (regiões de Sapezal e Campo Verde), sudoeste de Goiás (região de Rio Verde) e Triângulo Mineiro (região de Uberlândia).
Além disso, começam a aparecer outras áreas onde a umidade do solo está diminuindo, caso do Vale do Paranapanema, entre São Paulo e o Paraná. Nesta região, não chove intensamente há mais de 15 dias e, até há previsão da passagem de uma frente fria na próxima sexta-feira, mas a precipitação terá distribuição espacial irregular.
Outras áreas que terão pouca chuva nos próximos sete dias serão o oeste do Paraná, o Pantanal de Mato Grosso do Sul, sul de Mato Grosso e sudoeste de Goiás.
Por outro lado, a precipitação efetivamente será mais abrangente e intensa entre o Cerrado de Minas Gerais e o norte de Goiás, entre o norte de Mato Grosso e Rondônia e sobre o oeste do Rio Grande do Sul.