Antitruste

Suspensão da moratória da soja prejudica a imagem do Brasil, diz Abag

Para Ingo Plöger, vice-presidente da Abag, decisão do Cade pode ter impactos reputacionais, atrapalhando vendas para Europa e negociações do tarifaço com os EUA

A suspensão da moratória da soja em caráter preventivo, determinada na noite de ontem pelo Cade, vai prejudicar a imagem do Brasil no exterior. A avaliação é de Ingo Plöger, vice-presidente da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio).

“O que está acontecendo agora, dentro dessa circunstância, vai prejudicar a imagem [do Brasil], sem dúvida. Certo ou errado, com direito ou sem direito, vai prejudicar a imagem, principalmente agora, com os Estados Unidos nas nossas costas”, disse.

Para ele, a decisão do Cade pode ter impactos reputacionais porque “parece mostrar que somos lenientes e deixamos desmatar, o que não é fato”.

Além do desmatamento ser um dos argumentos utilizados pelos Estados Unidos na imposição da tarifa de 50% sobre as importações, Plöger lembra que o regulamento da União Europeia proibindo a compra de produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas entra em vigor em 1 de janeiro de 2026.

“O quanto agora somos capazes de mostrar para a UE que estamos na rota correta, o que é que vai ser certificado e da maneira que será certificado? Eu acho que temos todas as condições de fazer isso, mas é muito mais difícil no momento”, comentou.

Plöger lembrou que a moratória da soja foi criada em 2006 em resposta a uma demanda de importadores que exigiram uma soja livre de desmatamento. Nos últimos 20 anos, apareceu uma série de legislações ambientais, federal e estaduais, gerando questionamentos em relação às regras da moratória da soja.

Com tantas mudanças nas legislações nas últimas duas décadas, a moratória talvez devesse ter passado por uma revisão, observa Plöger. Mas, para a decisão do Cade, o timing é “horroroso”, diz.

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