
A joint-venture de US$ 2 bilhões entre a MBRF e o fundo soberano da Arábia Saudita, anunciada na manhã de segunda-feira, detonou um movimento de short squeeze nas ações da dona da Sadia, pegando no contrapé um grupo de investidores que estava vendido nos papéis.
Em apenas dois pregões, as ações da MBRF subiram mais de 23%. A alta de terça-feira, a maior do Ibovespa, chegou a 15%, com um volume de negociações atípico — mais de 40 milhões de ações, bem acima da média de 15,7 milhões dos últimos 30 dias.
A disparada das ações ocorre justamente no momento em que os investidores vinham aumentado a posição vendida na MBRF.
Na segunda-feira, o número de ações alugadas passou de 104 milhões. Isso equivale a 22,97% do free float, tornando a MBRF a quinta maior posição relativa de aluguel na B3, de acordo com dados do TradeMap.
Quem estava vendido foi pego desprevenido pela sociedade com o PIF, um movimento estratégico que repercutiu positivamente entre analistas.
Os shorts contavam com a redução da pressão de compra de ações da MBRF exatamente a partir de segunda-feira, quando começou o período de silêncio que precede o balanço e impede a suspende a execução do programa de recompra.
Além disso, investidores de MBRF relataram um enxugamento dos papéis disponíveis para aluguel, aprofundando o short squeeze.
Com a valorização dos últimos dois dias, a MBRF recuperou R$ 6 bilhões em valor de mercado, fechando o pregão de terça-feira avaliada em R$ 26,6 bilhões.
Apesar disso, a dona da Sadia ainda permanece abaixo da capitalização de R$ 28,3 bilhões que registrou em 23 de setembro, quando a companhia resultante da fusão entre Marfrig e BRF estreou na bolsa brasileira.
Desde que a fusão foi concluída, os papéis foram afetados por dúvidas sobre a continuidade do ciclo exuberante da carne de frango, algo que foi alimentado pela recente queda dos preços das aves nos Estados Unidos, e pela preocupação com o nível de alavancagem da MBRF.
O acordo com fundo soberano da Arábia Saudita, aliás, dará uma contribuição positiva para desalavancar, injetando cerca de US$ 500 milhões no balanço consolidado da companhia brasileira.