Balanço

Na Bunge, guerra tarifária beneficia o 1º trimestre. Mas lucro cai 40%

Antecipação de algumas negociações beneficiou o balanço do primeiro trimestre, que teve lucro acima do esperado. Esmagamento no Brasil teve bom resultado

O lucro ajustado da Bunge caiu 40% no primeiro trimestre, um tombo semelhante ao vivenciado por outras tradings — a ADM, por exemplo, anunciou ontem uma redução de 60%. Mas, no caso da Bunge, o resultado veio melhor do que o esperado devido a uma consequência da guerra tarifária, que provocou mudanças no “timing” de algumas operações.

“No primeiro trimestre, nos beneficiamos de mudanças de timing na demanda e na atividade dos agricultores relacionadas às tarifas”, disse o CEO da Bunge, Greg Heckman, no release de resultados divulgado nesta quarta-feira.

Alguns compradores e vendedores de commodities tentaram se antecipar às mudanças na política tarifária, realizando nos primeiros meses do ano negociações que normalmente acontecem no segundo trimestre, que, como consequência, deve ter resultados mais fracos.

Isso explica por que o lucro ajustado ficou acima das estimativas, fechando o primeiro trimestre em US$ 1,81 por ação — analistas consultados pela Bloomberg esperavam US$ 1,35. Mesmo assim, a queda foi de 40% na comparação com o mesmo período de 2024.

Na unidade agrícola, que responde por cerca de 80% da receita total da Bunge, o lucro operacional caiu 45%, com as operações de compra e venda ocorrendo “da mão para a boca” em meio às incertezas na política comercial dos EUA.

O lucro ajustado na atividade de processamento também caiu quase pela metade na comparação anual. Sem dar mais detalhes, a companhia citou resultados positivos nas operações de esmagamento de soja no Brasil, na Europa e na Ásia, que “mais que compensaram” os números ruins no processamento de outras oleaginosas na América do Norte, na Argentina e na Europa.

Com isso, a projeção para os resultados ao final de 2025 na unidade de agribusiness piorou. Agora, a Bunge estima um lucro “ligeiramente inferior” à previsão anterior e menor em relação ao ano passado, puxado por resultados piores em processamento. Para o consolidado, o guidance para o lucro foi mantido em US$ 7,75 por ação.

Em Nova York, os investidores parecem ter recebido mal o balanço. As ações da Bunge caem 2% nesta quarta, em queda mais acentuada do que as das ações de concorrentes, como a ADM (-0,9%).

Fusão com a Viterra

O CEO da Bunge destacou que a aprovação regulatória para a fusão com a Viterra, pendente desde 2023 e anteriormente projetada para ser finalizada em 2024, está “na fase final”, e que a Bunge está preparada para fechar o negócio assim que for aprovado.

Na semana passada, a Bloomberg informou que as tensões tarifárias entre EUA e China estão bloqueando o avanço do negócio, com a aprovação do órgão regulatório chinês ainda pendente. O acordo de US$ 8,2 bilhões deve criar uma gigante global do comércio de grãos.

Mais Notícias