Tarifas de Trump deixam frigoríficos em modo de espera, carnes | Crédito: Schutterstock

A imposição de cotas para as importações de carne bovina na China, principal cliente do Brasil, parece iminente após o processo de investigação de salvaguardas que vem sendo conduzido há um ano pelo Ministério do Comércio chinês.

Em reunião realizada em Brasília nesta semana, a China sinalizou a representantes do governo brasileiro que deverá criar uma tarifa de 55% para as importações de carne bovina e uma cota sem tarifa, como antecipou reportagem do Valor nesta terça-feira (30).

Segundo a reportagem, o Brasil ficaria com a maior cota de importação, de 1,1 milhão de toneladas por ano — bem abaixo do volume enviado ao país asiático neste ano. Até novembro, os embarques somaram 1,5 milhão de toneladas, um crescimento de 23% em relação ao mesmo período de 2024. No acumulado do ano, os embarques podem chegar a 1,7 milhão de toneladas.

“O que queremos? Que o governo brasileiro se mobilize para sentar à mesa para negociar isso. Negociação internacional se faz com diálogo. Nós importamos muita coisa da China. Por exemplo, recentemente a China se tornou o principal fornecedor de fertilizantes para nós”, afirmou Arnaldo Jardim ao The AgriBiz.

Na visão do parlamentar, o aumento das importações de produtos chineses pode ser colocado em uma negociação, ajudando o governo a se mobilizar. “Não dá para uma entidade negociar sozinha. Isso é governo com governo. Não pode ser só o setor de carnes, tem que ser o País”, frisou o deputado.

Jardim lembrou que o processo de investigação de salvaguardas teve início há mais de um ano. Neste período, têm acontecido conversas em Brasília para que o governo tome uma iniciativa, propondo uma reunião de alto nível para discutir essa questão, afirmou.

“Esse cenário parece o do Trump, nos Estados Unidos. Ele limitou a importação do suco de laranja e teve de voltar depressa por causa da inflação. O governo chinês pode causar um impacto interno inflacionário, não existe estrutura produtiva para repor isso lá. Se for comprar de outros mercados que não do Brasil, vão comprar mais caro e numa carne de pior qualidade”, enfatizou Jardim.

O Brasil responde por mais da metade das importações totais de carne bovina da China, que somam cerca de 3 milhões de toneladas por ano.

A expectativa é de que autoridades chinesas anunciem a medida nesta quarta-feira (31/12). Procurada, a Abiec (Associação da Indústria Exportadora de Carne Bovina) informou que aguardará o comunicado oficial das autoridades chinesas para se posicionar.