Enquanto Brasil e Estados Unidos não chegam a um acordo comercial, os exportadores de café e os consumidores americanos dormem e acordam com o sabor amargo.
De um lado, uma queda drástica nos embarques do café brasileiro que, sem um acordo, parece insanável. Do outro, a inflação chegou ainda mais forte à xícara do café consumido pelos americanos.
Dados divulgados nesta quarta-feira pelo Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) mostram o peso do tarifaço americano. Em outubro, as exportações totais do Brasil caíram 20%, atingindo 4,1 milhões de sacas.
Desde a imposição da tarifa, em agosto, as vendas para os Estados Unidos recuaram 50%. Entre agosto e outubro do ano passado, os americanos importaram 2 milhões de sacas do café brasileiro. No mesmo intervalo deste ano, o volume caiu para 980 mil sacas.
Do lado americano, os consumidores se ressentem da alta do café. Os preços da bebida chegaram a subir mais de 20% ainda em agosto, quando o tarifaço contra o Brasil entrou em vigor.
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Diante da situação desconfortável para ambos os lados, uma saída positiva deveria ser um desfecho óbvio.
A julgar pelas declarações mais recentes do presidente do Estados Unidos, Donald Trump, e do secretário do Tesouro, Scot Bessent, isso até parece possível, mas é importante não perder de vista a imprevisibilidade do mandatário americano.
Em uma entrevista à Fox News na terça-feira, Trump chegou a dizer que vai reduzir algumas tarifas do café, resolvendo o problema de forma rápida e “cirúrgica”. Ele não citou o Brasil, mas não há outros mercados capazes de resolver o problema na velocidade sugerida pelo americano.
Nesta quarta-feira, foi a vez de Bessent. Segundo ele, os americanos verão “anúncios substanciais” nos próximos dias, reduzindo preços de mercadorias como café, banana e outros itens não produzidos em território americano.
Do lado brasileiro, os exportadores de café continuam acompanhando os esforços dos torrefadores de café dos Estados Unidos junto à Casa Branca. Os sinais parecem promissores, mas ainda faltaria um aval do governo brasileiro.
“Nossos pares informaram que o governo Trump deseja isentar o café do tarifaço e que isso pode ser negociado de forma isolada, sem considerar outros produtos. A bola está com o governo brasileiro, que precisa entender isso e negociar a isenção do café isoladamente, sem considerar o pacote com outros produtos”, defendeu o presidente do Cecafé, em nota.
