
O rebanho bovino continua em queda nos Estados Unidos, sinalizando que as margens dos frigoríficos vão continuar negativas — e que os norte-americanos vão continuar importando carne para abastecer as prateleiras (e pagando caro).
No último relatório de estoques de gado, divulgado na sexta-feira, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos mostrou que o rebanho somava 94,2 milhões de cabeças em 1º de julho, uma queda de 1% na comparação anual. O número é o menor para essa época do ano desde o início da série histórica do USDA, que começa em 1973.
Apesar de continuar em declínio, o Barclays encontrou alguns sinais de melhora no relatório: o tamanho do rebanho está levemente acima das expectativas de mercado, que apontavam 93,6 milhões de cabeças, e o ritmo da queda está desacelerando.
“O declínio de 1% em 2025, comparado com 3% em 2023 e 2% em 2022, sugere que a retração no rebanho pode estar finalmente desacelerando e atingindo o piso”, diz o analista Benjamin Theurer, do Barclays, em relatório.
A indústria de carne bovina, no entanto, ainda vai continuar enfrentando desafios. O número de novilhas para reposição — cruciais para a recomposição do rebanho total — caiu 3%, para 3,7 milhões de cabeças. O mais preocupante é que a queda acelerou em comparação com os levantamentos anteriores, em 2023 o recuo foi de 2% e, em janeiro deste ano, a queda foi de 1%.
Para Theurer, a contínua retração no número de novilhas sugere que a reconstrução do rebanho ainda não começou. “Assim, continuamos prevendo margens negativas para os processadores de carne bovina, como a Tyson, JBS e Marfrig, devido à baixa disponibilidade de gado e preços altos”, afirma.
Sem um alívio da oferta no curto prazo, os preços da carne nos Estados Unidos devem continuar subindo, o que começa a gerar preocupações também em relação à receita dos frigoríficos, pois os consumidores podem substituir o consumo por proteínas mais baratas, como frango ou suínos, segundo o analista do Barclays.