
O cenário de incertezas que paira sobre a economia americana, com a guerra tarifária e falta de clareza sobre a política do novo governo para o setor de biocombustíveis, pesou no resultado da ADM no primeiro trimestre.
O lucro antes dos juros e impostos caiu 60% na comparação com o mesmo período de 2024, para US$ 353 milhões. O ganho por ação ajustado no trimestre ficou em US$ 0,70, uma queda de 52% na base anual.
Na divisão de serviços agrícolas e oleaginosas, a maior da empresa, o lucro operacional caiu pela metade (-52%). Os volumes e as margens de comercialização apresentaram queda em meio às incertezas em relação à política tarifária dos EUA.
A perspectiva de uma grande oferta de grãos também contribuiu para uma piora no desempenho da unidade, com as tradings perdendo poder nas negociações com os compradores de commodities, mais seguros em operar com estoques menores.
Só no processamento de soja, o lucro operacional da ADM desabou 85%, de US$ 313 milhões para US$ 47 milhões. A companhia informou, em seu release de resultados, que as margens de processamento têm sido pressionadas por um aumento na capacidade da indústria e por uma maior competitividade nas exportações de farelo da Argentina.
O mercado de óleo de soja, matéria-prima para a produção de biodiesel, permanece à espera de regulamentações da administração Trump sobre a geração de créditos tributários na produção do biocombustível, uma peça-chave na definição de demanda nos EUA.
Já a unidade de nutrição, que esteve no centro do escândalo contábil que atingiu a empresa há mais de um ano, apresentou crescimento de 13% no lucro no primeiro trimestre.
Guidance
Embora tenha reafirmado suas projeções para o ganho por ação ao final de 2025 para a faixa entre US$ 4 e US$ 4,75, a ADM informou que agora espera que ele se confirme “na extremidade inferior da faixa de orientação”.
Depois de uma queda de 50% no lucro em 2024, a ADM anunciou no início deste ano que eliminaria até 700 empregos em 2025. A medida é parte de esforços em âmbito global para reduzir custos e se preparar para mais um ano de piora nos resultados. A ADM também está reduzindo suas operações na China.
“Em um ambiente externo desafiador e incerto”, a empresa avançou em diversos aspectos de sua agenda de autossuficiência, disse em comunicado o CEO da ADM, Juan Luciano.
O executivo citou melhorias operacionais na América do Norte, redução de custos via realinhamentos operacionais e organizacionais, medidas para simplificação de portfólio e disciplina na alocação de capital.
“Olhando para o futuro, a execução focada de nossa equipe será fundamental para navegar pela incerteza do mercado”, acrescentou.
As ações da ADM, que acumulam queda de 4,9% em 2025 até o fechamento de ontem, operam em alta de 1,68% nesta terça-feira na Bolsa de Nova York.