
Apesar das turbulências que desafiam as empresas da cadeia de grãos, que abarca de fornecedores de insumos a produtores, os ativos do agronegócio brasileiro ainda são atrativos para M&As.
Essa é a avaliação de Marcelo Semeoni Filho, sócio da IGC Partners, butique de M&A que lidera a assessoria de transações e ficou conhecida no campo pelas transações na área de distribuição de insumos agrícolas.
Ainda que as incertezas da agricultura deixem o cenário nublado até abril — quando a performance da carteira de crédito dos produtores de soja será conhecida —, ainda há espaço para transações, segundo ele.
“Ainda tem dinheiro para bons ativos. Não necessariamente grandes, mas bons ativos”, resumiu o sócio da IGC.
Para sustentar essa visão, Semeoni Filho cita os M&AS assessorados pela time da IGC ao longo deste ano. No agro, foram seis: três na área de agricultura e outros três em proteína — o último deles ainda está em vias de ser concluído.
Mesmo na área de insumos agrícolas, um dos setores mais castigados pela crise, há transações possíveis. Neste ano, a IGC assessorou a venda da Fass Agro, uma companhia do interior paulista, para o grupo asiático Indorama.
O racional que explica o M&A mesmo em um momento adverso é a estratégia da Indorama de complementar o portfólio com fertilizantes líquidos no Brasil. Por aqui, a companhia sediada em Cingapura já era dona da Adulfértil, uma misturadora de fertilizantes.
Negócios menores, mas rentáveis, também continuam atraindo o interesse, especialmente de estrangeiros. Neste ano, a espanhola SAS adquiriu a Aqua do Brasil, uma fabricante de insumos de base botânica com foco no mercado de hortifrúti.
Na visão do sócio da IGC, essa lógica deve permanecer ao longo do próximo ano, com transações possíveis em setores menos óbvios. A produção de frutas frestas pode ser um deles.
“O polo de Petrolina está ganhando proeminência”, disse Semeoni Filho, em alusão à produção de frutas no Vale do São Francisco.
Além disso, o ambiente macroeconômico pode se tornar mais interessante para os estrangeiros, especialmente se a tendência de queda dos juros em várias partes do mundo se confirmar.
“Estive na Europa recentemente conversando com gestores de private equity. Vai continuar tendo fluxo para o Brasil. Se você quer ser grande no agro e ainda não está aqui, vai precisar vir”, disse.