
Em uma transação praticamente dentro de casa, a Lavoro vendeu a Crop Care para o Pátria, firma de private equity que montou a tese e controla a rede de revendas listada na Nasdaq.
O M&A foi a forma encontrada pela Lavoro para reduzir o nível de endividamento. No comunicado ao mercado enviado à SEC, no entanto, a companhia não revelou o valor da transação, o que sugere que o negócio terá um impacto pouco material.
Em uma recente entrevista ao The AgriBiz, o então CEO da Lavoro, Ruy Cunha, já havia adiantado que a venda da Crop Care ajudaria a resolver os problemas de liquidez, mas não seria suficiente.
“A operação ajuda muito, mas não é tudo o que prevemos fazer. A companhia ainda tem um caminho a seguir”, resumiu o executivo na ocasião.
De qualquer forma, a venda da Crop Care simboliza uma mudança relevante na estratégia da Lavoro, que deixará de contar com um braço industrial de produção de especialidades, como biológicos e fertilizantes especiais, entre outros.
Com o negócio, a Lavoro abre mão da divisão que mais crescia e dava rentabilidade. No acumulado de doze meses até junho, a Crop Care fez uma receita de R$ 780 milhões, o equivalente a 9,4% das vendas da Lavoro, e um lucro bruto de R$ 356 milhões (19% do total).
Os efeitos no Pátria
A venda da Crop Care para o Pátria contou com a aprovação de todos os conselheiros independentes da Lavoro, uma sinalização importante diante de um M&A entre partes relacionadas.
No mercado, transações desse gênero são conhecidas como “Zé com Zé”. Na prática, o Pátria vendeu a Crop Care de um lado, por ser o controlador da Lavoro, e comprou de outro.
Ainda não está claro se a Crop Care foi comprada pelo sétimo fundo de private equity do Pátria, veículo em que também estão os investimentos em São Francisco Sementes e Alterra, ou se ficou no fundo cinco, o veículo usado nos investimentos do Pátria na Lavoro.
Para a gestora de private equity, assumir a Crop Care pode ser a chance de recuperar algum valor no médio prazo e atenuar as perdas com os investimentos na Lavoro, que foram afetados pela crise das revendas que culminou na recuperação extrajudicial da companhia.