
Apesar das notícias associadas à ventania registrada no Centro e Sul do Brasil nesta quarta-feira, o maior destaque para a agricultura brasileira aconteceu no dia anterior. O mesmo ciclone extratropical do vendaval trouxe uma chuva com elevado acumulado aos estados de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, situação que não era vista desde o início da primavera.
Pouco antes disso, ao longo destes primeiros dez dias de dezembro, a precipitação também foi bem distribuída em Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso e Matopiba, pondo fim às estiagens regionalizadas que comprometiam a soja super precoce instalada entre o fim de setembro e início de outubro.
De qualquer forma, o estrago está feito para estas áreas, e os produtores avaliam se plantam algodão safra, milho safra ou até mesmo sorgo, já que não vale a pena insistir na oleaginosa neste momento por conta da janela apertada.
O IBGE atualizou seu Levantamento Sistemático da Produção Agrícola, que afirma que a safra 2026 deverá cair em relação à de 2025, que foi recorde. A queda acontece muito em função da produtividade excepcional em 2025, situação difícil de ser alcançada por dois anos seguidos.
A chuva da primavera também não ajudou tanto o início da safra 2025/26 como na passada. Além disso, olhando-se para o verão 2026, os desafios serão frequentes, pois não há previsão de precipitações regulares nos principais estados produtores.
Mais eventos extremos
Os eventos extremos não param de acontecer nos próximos dias. Entre a sexta-feira e o domingo, a passagem de uma área de baixa pressão atmosférica causará chuva excessiva sobre os estados do Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e São Paulo. O acumulado passa dos 100mm no território paranaense, correspondendo a mais da metade da média de dezembro e paralisando as atividades de campo.
No centro e norte do País, espera-se calor e pancadas de chuva, situação que até diminui a umidade do solo, mas não a ponto de comprometer o desenvolvimento final da soja que será colhida em janeiro.
Na semana do Natal, a “gangorra” da chuva forte migrará justamente para o centro e norte do País, alcançando sobretudo os estados de Mato Grosso, Tocantins, Goiás, Pará e Rondônia.
El Niño em 2026
Em atualização mensal, a norte americana NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica) indicou pela primeira vez a maior possibilidade do desenvolvimento de um fenômeno El Niño a partir do trimestre julho-agosto-setembro de 2026, situação que deverá trazer chuva forte e persistente à região Sul no segundo semestre do ano que vem.
Além disso, o atual La Niña é tão fraco que não consegue sustentar suas características na atmosfera brasileira. O intenso ciclone extratropical das últimas horas e a chuva forte prevista para o próximo fim de semana indicam que outros fatores, entre eles variações no padrão de pressão atmosférica no entorno da Antártica, estão com mais peso que a anomalia da temperatura do Pacífico Equatorial.
De qualquer forma, o resfriamento do Pacífico deverá dissipar completamente entre o fim de janeiro e início de janeiro de 2026, pondo fim ao fenômeno.