Planta de etanol da FS em Lucas do Rio Verde

O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou um financiamento de R$ 384,3 milhões para apoiar o projeto da FS de criar uma fábrica pioneira para estocar CO2.

Com recursos da linha Mais Inovação do banco, a unidade será instalada ao lado da planta de etanol de milho da empresa em Lucas do Rio Verde (MT). Os recursos do banco vão financiar mais da metade dos investimentos no projeto, estimados em R$ 500 milhões.

A nova fábrica vai aproveitar a geração de CO2 na produção do biocombustível e comprimir, injetar e armazenar o gás no subsolo. Isso se dará “de forma definitiva e em profundidade adequada, nos reservatórios sedimentares salinos da Bacia dos Parecis, subjacentes à região da indústria”, informou a empresa.

Ainda de acordo com a companhia, uma das líderes em etanol de milho no País ao lado da Inpasa, o objetivo é remover 100% da emissão atual de CO2 na unidade de Lucas do Rio Verde, estimada em 423 mil toneladas por ano.

A capacidade da unidade é estimada em cerca de 676 milhões de litros por ano. Considerando todas as plantas, a FS tem capacidade para produzir mais de 2,6 bilhões de litros de etanol de milho por ano.

A ideia é fazer da iniciativa uma vitrine de sustentabilidade, transformando aquele etanol no “combustível de menor pegada de carbono no mundo”, dada a utilização de milho de segunda safra — que não disputa terras com a produção de alimentos — e de biomassa renovável.

Pioneiro no País, o projeto usa, segundo a FS, uma tecnologia chamada Bioenergy with Carbon Capture and Storage (BECCS), derivada de um processo industrial já disseminado e conhecido como Carbon Capture and Storage (CCS).

Segundo Rafael Abud, CEO da FS, a implementação do projeto BECCS é um passo crucial para a visão de futuro da companhia. “Essa tecnologia abre novos mercados, como o de créditos de carbono, e posiciona o Brasil na vanguarda da transição energética”, afirmou.

Para Aloizio Mercadante, presidente do BNDES, o financiamento se insere no contexto da agenda de transição energética do governo. “A remoção de 423 mil toneladas de CO2 da atmosfera por ano contribui com o compromisso de redução de emissões de gases de efeito estufa firmado no Acordo de Paris”, disse.

Circularidade avança a partir dos biocombustíveis

A novidade da FS se insere em uma onda de adoção de medidas de reaproveitamento de resíduos da atividade agrícola ou agroindustrial — a chamada biocircularidade.

Há outra sobras dessa cadeia na mira. Como os resíduos da produção de etanol a partir da cana, que podem ser usados para fabricar bioeletricidade ou biometano que, depois, pode substituir o diesel nos tratores e caminhões das usinas, como no caso da Cocal.

Também a glicerina, subproduto da fabricação de biodiesel a partir da soja. A americana Cemvita vai instalar uma fábrica em Passo Fundo (RS), vizinha à da Be8, para transformar a glicerina produzida pela empresa gaúcha em um óleo que pode ser matéria-prima para SAF, o combustível sustentável de aviação.

Na recente COP30, foram expostos diversos projetos que estendem a biocircularidade a outras cadeias. Por exemplo, o guia criado pela FAO, a agência da ONU para alimentação e agricultura, para integrar os resíduos e coprodutos da pecuária — como sebo bovino, esterco, peles e couros, entre outros — às cadeias agrícola e agroindustrial, permitindo suas reutilizações.