
Uma das maiores empresas de fertilizantes no mundo não vê alívio para os preços no curto prazo. Para o country manager da Mosaic no Brasil, Eduardo Monteiro, há sinais de que os preços do fósforo e do potássio devem continuar no patamar atual ou até subir.
“Tenho uma evidência muito clara de que não há expectativa de downside no curto período”, disse Monteiro em entrevista ao Raiz do Negócio, videocast realizado por uma parceria entre Infomoney e The AgriBiz. A Mosaic é líder mundial na produção de fósforo e potássio combinados, com suas minas concentradas no Canadá.
No caso dos fertilizantes fosfatados, há uma pressão na oferta de enxofre, matéria-prima fundamental para a produção de fósforo. Segundo Monteiro, o preço do enxofre no mercado internacional passou de US$ 150 para US$ 500 por tonelada.
Além de refletir uma forte demanda da Ásia para a indústria de mineração, a produção de enxofre tem sofrido algumas interrupções temporárias na Rússia devido ao conflito com a Ucrânia, que vem atacando algumas refinarias russas, explicou.
“Como o enxofre é um dos principais componentes no custo do Super Simples ou MAP, que são os fosfatados aqui de baixa e alta concentração, não vemos motivos para dizer que o fertilizante fosfatado vai cair”, argumentou.
No caso do potássio, a sinalização de que os preços devem continuar firmes vem da China, que também é dependente de importações e, por isso, uma referência global para o mercado. Na média histórica, os valores praticados pela China nas importações de potássio são, em média, US$ 10 por tonelada inferiores aos do Brasil. Na negociação fechada há duas semanas, o preço foi o mesmo praticado no Brasil.
“Isso é um sinal importante para o consumidor. Se a China comprava a US$ 10 a menos que o Brasil e fechou um contrato que vai ser o mesmo preço do Brasil, teoricamente não tem espaço para o preço cair aqui — considerando essa dinâmica global do mercado, em que temos poucos países produtores e grandes mercados consumidores”, disse. “Então, eu não vejo espaço relevante para cair o preço do cloreto.”
Compras em ritmo lento no Brasil
No mercado interno, o fator que pode contribuir para que os preços se mantenham firmes é a demanda do agricultor, já que a comercialização dos fertilizantes para o milho safrinha e para a soja 2026/27 segue lenta.
“Comercializamos muito pouco para a safra de verão, apenas 10% do que esperamos vender. E isso não está distribuído de forma uniforme, está concentrado no Mato Grosso”, afirmou. Embora a relação de troca esteja menos favorável do que no ano passado (duas sacas acima), Monteiro considera que ela é positiva. “É um bom momento olhando o cenário para compra na safra de verão”, disse.
Para o milho safrinha, cuja entrega começa já neste mês, há um atraso de dez pontos percentuais nas compras dos agricultores em relação ao mesmo período do ano passado. Cerca de 60% foram comercializados ante 70% há um ano, mesmo com uma relação de troca mais favorável no caso do cereal.
“Qual é a consequência prática disso? Vamos observar algum estresse, algo que acontece com recorrência, talvez este ano com mais intensidade”, afirmou Monteiro, numa referência tanto a eventuais problemas logísticos como altas pontuais de preços devido a picos de demanda.
“Não vejo motivos para não acelerar a safrinha nesse momento, em função de toda a conjuntura logística e a sua consequência, que vai ser um aumento de preço no final do dia”, disse.
Confira a entrevista completa de Eduardo Monteiro aqui.