
Pela primeira vez desde o início da primavera, o Brasil verá o sistema meteorológico responsável pelos maiores acumulados de chuva. Trata-se da Zona de Convergência do Atlântico Sul, uma grande faixa de chuva forte que começa na Amazônia e termina na costa leste do País.
Entre esta quinta-feira (4) e segunda-feira (8), a precipitação alcançará boa parte das regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste, gerando acumulado de quase 100 milímetros na Zona da Mata de Minas Gerais, no oeste de Mato Grosso e em Rondônia — no Cerrado de Minas Gerais e no noroeste de Goiás, deve ficar em torno de 85 milímetros.
Pontualmente, municípios de Minas Gerais e Goiás receberão mais de 200 milímetros. Com isso, por um lado, a chuva forte aumenta consideravelmente a umidade do solo e favorece o desenvolvimento de culturas como a soja no oeste de Minas Gerais e em Goiás e Mato Grosso.
Por outro lado, há risco de transtornos, como erosão e transbordamento de rios e córregos em áreas de café do Espírito Santo e da Zona da Mata de Minas Gerais, além de pastagens e cacau no sul da Bahia. Lembrando que este último Estado já foi castigado por chuvas fortes há aproximadamente dez dias.
Vale salientar que a chuva chega tarde para algumas áreas do centro e do norte do Brasil. A precipitação irregular durante boa parte da primavera reduziu o potencial produtivo das lavouras, mexendo com o preço do milho na B3 nesta semana. Situação semelhante é vista em alguns campos de soja no Cerrado.
Além disso, o atraso na regularização da chuva é tamanho que produtores de Goiás já pensam em substituir a soja que ainda não foi instalada pelo milho ou pelo algodão. Na avaliação desses produtores, insistir na primeira cultura causará um grande atraso que impedirá o plantio da segunda safra, em fevereiro.
Voltando à previsão do tempo: os próximos sete dias serão caracterizados por pouca chuva na região Sul, em Mato Grosso do Sul e em São Paulo. A umidade do solo já está baixa e preocupa produtores na fronteira do Rio Grande do Sul com o Uruguai.
E em São Paulo, a precipitação vem acontecendo de forma irregular, comprometendo o desenvolvimento de culturas como a cana, além de manter baixo o nível de reservatórios, como o Cantareira. Um alívio parcial virá após a quarta-feira (10) da semana que vem, quando a “gangorra” da chuva deve migrar mais para o Sul e alcançar os Estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo.
Para referência: de acordo com a Conab, 86% das áreas de soja foram instaladas, contra 90% no mesmo período do ano passado.