
BELÉM (PA) — Reduzir as emissões de metano da agropecuária global de 20% a 25% nos próximos dez anos. Essa é a meta divulgada hoje pela CCAC (Coalizão do Clima e do Ar limpo, em tradução livre), que faz parte do programa ambiental da ONU.
De acordo com a coalizão, a redução deve vir da pecuária e do cultivo de arroz, além de eliminar queimadas agrícolas consideradas desnecessárias. No Brasil, as emissões de metano da pecuária são um dos maiores passivos a resolver.
“Nós acreditamos que isso seja possível dentro desse prazo, com medidas já comprovadas e de baixo custo que podem ajudar produtores. Não vamos ser um fardo para eles, estamos olhando para o que é possível fazer”, afirmou Martina Otto, head of secretariat do CCAC, ao The AgriBiz.
A coalizão tem um fundo — pequeno, admite a executiva — focado em ajudar parceiros de diferentes países a cumprirem suas metas. Mas o grosso da ajuda mesmo vem de acordos multilaterais, em que organizações (como o Banco Mundial, por exemplo) fazem parte.
“Ao colocar temas em voga, tendo a atenção de um ministério, como o Brasil, nós exercemos um papel de colocar esses temas em discussão e gerar assunto sobre como é possível usar dinheiro filantrópico para diminuir riscos, escalar inovações”, explica Otto.
Em outras palavras, o lançamento desse programa focado em agricultura (uma “flagship”, nos termos da instituição) é a forma encontrada pela coalizão para reunir diferentes agentes sob um determinado tema e trazer foco a ele.
Antes disso, o CCAC já teve experiência com plano focado em reduzir as emissões de metano na economia em geral. A partir do sucesso, foi criada um novo projeto, orientado para melhorar a qualidade do ar.
“A África é a única região que não tem um programa de qualidade do ar a nível regional. Estamos ajudando eles com isso. A nossa forma de trabalhar é focar em ajudar os países a preencherem suas lacunas. Mas, é claro, no agronegócio, isso é ainda mais delicado por ser um segmento muito sensível”, afirma Otto.
Não à toa, o Brasil está liderando esse esforço da coalizão focado em agro. O Brasil é “co-chair” da CCAC, junto com o Reino Unido. O País entrou para a coalizão em 2023, por meio do Ministério da Agricultura, depois de fazer uma visita a uma das reuniões realizadas pela coalizão.
Desde então, a CCAC ajudou o País a desenvolver iniciativas como o Plano Clima, por exemplo, recém-lançado na COP. “Estamos trabalhando juntos no tema de agricultura tropical, com projetos em diferentes áreas, incluindo pelo menos dois na pecuária”, explica Otto.
Ao todo, 100 países e mais de 140 agentes de fora do governo (como o Banco Mundial) fazem parte da coalizão, criada em 2012.