
BELÉM (PA) – Após a invasão da Blue Zone, a área restrita a negociadores e governos da COP30, a ONU ordenou ao Brasil que melhore a segurança. Agora, homens e mulheres do Exército e da Força Nacional se fazem presentes ostensivamente nos dois acessos ao local. Enquanto bancos europeus prometem bilhões ao Fundo Clima, a Comissão Europeia assinou um contrato de doação de singelos 20 milhões de euros ao Fundo Amazônia. E a The Nature Conservancy (TNC) inaugura uma exposição com fotógrafos do bioma amazônico.
Confira as curtas da COP:
PUXÃO DE ORELHA. Após a ONU ordenar que o Brasil melhore a segurança na COP30, como reflexo da invasão da Blue Zone realizada na terça-feira por manifestantes ligados a grupos indígenas e movimentos sociais, a principal arena de negociações da Conferência do Lima ganhou reforços. Homens e mulheres do Exército e da Força Nacional agora se fazem presentes ostensivamente nos dois acessos do local: o principal, que apresentou brechas no início da semana, e o localizado no acesso via Green Zone. Coincidência ou não, a frequência de indígenas diminuiu consideravelmente em comparação com os dias anteriores ao incidente.
VAI CAIR O PIX #1. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima e o BNDES anunciaram a captação de R$ 8,84 bilhões para o Fundo Clima. Criado em 2009 para alavancar iniciativas de transição ecológica, o fundo chegou em 2024 à marca recorde de R$ 10,5 bilhões. A promessa de recursos vem em cartas de intenções com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, que originará R$ 2,69 bilhões, e três bancos europeus: Kreditanstalt für Wiederaufbau, Agence Française de Développement e Cassa Depositi e Prestiti que, juntos, vão originar R$ 6,15 bilhões.
VAI CAIR O PIX #2. A Comissão Europeia assinou um contrato de doação de singelos 20 milhões de euros (R$ 124 milhões) ao Fundo Amazônia. Os recursos haviam sido prometidos em 2023 e serão pagos durante quatro anos. A chefe da Delegação da UE no Brasil, embaixadora Marian Schuegraf, elogiou os avanços brasileiros no combate ao desmatamento — segundo ela, as emissões evitadas desde 2022 equivalem às reduções de Espanha e França somadas. Segundo a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a doação é fruto de uma parceria baseada na confiança no multilateralismo como ferramenta para combater as mudanças climáticas.
ROÇA NA CIDADE. Um painel na AgriZone discutiu práticas de agricultura urbana para segurança alimentar e combate às mudanças climáticas. Uma das iniciativas é o projeto Tá Na Horta, da Embrapa, um modelo de horta comunitária que estimula as famílias a produzir alimentos, com um sistema comunitário para comercializar excedentes — o piloto foi testado em uma região carente de Brasília (DF). Segundo a analista da empresa pública Kelliane Fuscaldi, que mediou o debate, as cidades contribuem para as emissões de gases de efeito estufa, mas, com práticas como essas, podem também sequestrar carbono.
ESG TURBINA O PIB. A transição para uma economia de baixo carbono, com a expansão das fontes renováveis de energia, pode mobilizar R$ 295 bilhões em investimentos e gerar impacto de R$ 337 bilhões a R$ 465 bilhões no PIB do Brasil até 2035 — as conclusões são de um estudo da FGV com o Itaú divulgado nesta quinta-feira. Segundo o trabalho, essa transição ecológica pode gerar entre 1,2 milhão e 1,9 milhão de empregos, e cada R$ 1 investido em energia renovável pode retornar até R$ 1,57 à economia. Na agricultura, soluções como sementes mais resistentes e maior adoção de técnicas de precisão podem evitar perdas de até R$ 61 bilhões por ano nas principais culturas.
PROTAGONISTAS. A The Nature Conservancy (TNC) no Brasil e a Mídia Indígena lançaram, nesta quinta-feira, a exposição fotográfica “Vozes da Amazônia” na Casa Maraká, em Belém (PA). Sob a curadoria da fotógrafa e produtora audiovisual Priscila Tapajowara, a mostra reúne o trabalho de oito fotógrafos amazônicos da Colômbia, do Equador, do Brasil e do Peru com foco nos protagonistas da proteção do bioma, como povos indígenas e comunidades tradicionais.
PRESTIGIADA. A sede da Embrapa Amazônia Oriental em Belém (PA), onde está sediada a AgriZone, recebeu nesta quinta-feira (13) as visitas do deputado federal Arnaldo Jardim, uma das maiores lideranças do agronegócio no Congresso Nacional, e do ex-ministro da Agricultura Roberto Rodrigues, professor emérito da FGV. Na quarta-feira, o local havia sido visitado pelo presidente da COP30, André Corrêa do Lago. Os três manifestaram entusiasmo com as Vitrines Sustentáveis da empresa pública, em especial a Capoeira do Black, um fragmento florestal de 8,5 hectares sendo regenerado há 85 anos.