BELÉM (PA) – Expectativas frustradas, trégua do calor (mas não da chuva) e reparos após a manifestação de terça-feira, na Blue Zone, marcaram o terceiro dia da COP30 — além de um compromisso de dez países contra a desinformação e o negacionismo, incluindo o Brasil. Confira as curtas da COP:
SEM CHEQUE. Após o bilionário Bill Gates, fundador da Microsoft, anunciar às vésperas da COP30 um compromisso de doar US$ 1,4 bilhão para ajudar produtores rurais na África e na Ásia a combater os efeitos das mudanças climáticas na produção de alimentos, expectativas foram criadas de que uma nova doação — dessa vez, direcionada ao Brasil ou à América Latina — pudesse ser anunciada na COP30. Mas jornalistas e público que se reuniram para ouvir um painel promovido pela Fundação Gates, na AgriZone, saíram frustrados: o evento se limitou a bater bumbo sobre programas pré-existentes, sem um novo compromisso financeiro.
AMENO. Após um início de semana extremamente quente, o terceiro dia de COP30 teve temperaturas um pouco mais brandas. O que não mudou foi “a chuva das quatro da tarde” — embora ela às vezes venha atrasada, por volta das 17h.
NEM SEMPRE É NO PONTO FINAL. Uma lição aprendida do jeito mais duro (caminhando quilômetros sob o sol escaldante na Amazônia) é que nem todos os trajetos mostrados no aplicativo oficial de transporte da COP30 têm como destino o ponto final da linha. Para chegar à AgriZone, por exemplo, é preciso pegar ônibus cujos pontos finais são na BlueZone — a melhor prática é acompanhar a viagem no app e pedir para descer no meio do caminho, no ponto mais próximo do destino.
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REPAROS. A entrada principal da BlueZone precisou ficar fechada na madrugada desta quarta-feira para consertos após ter sido danificada na invasão promovida pela Marcha Global Saúde e Clima, por volta das 19h20 da terça-feira. Na ocasião, cerca de 3 mil manifestantes forçaram a entrada da área no Parque da Cidade onde acontecem as principais negociações entre delegações na COP30. A Marcha era composta de médicos, enfermeiros, estudantes, indígenas e movimentos sociais sob o pleito por mais políticas de saúde pública. A Polícia Federal abriu uma investigação sobre o incidente.
NEGACIONISMO NA MIRA. Pela primeira vez na história das Conferências do Clima, a COP30 elevou ao nível de prioridade climática o combate à desinformação. Nesta quarta, foi apresentada a “Declaração de integridade informacional sobre mudança climática na COP30” — um documento que conclama governos, setor privado e academia a combater a desinformação e o negacionismo, além de evitar ataques contra jornalistas, ativistas e cientistas no âmbito das discussões climáticas. O acordo foi endossado por dez países: Brasil, Canadá, Chile, Dinamarca, Finlândia, França, Alemanha, Espanha, Suécia e Uruguai.
MENOS ARROTO. Um painel realizado na AgriZone discutiu as ações desenvolvidas para reduzir as emissões de metano na pecuária de corte — o arroto do boi, responsável por quase 20% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil.
1, 2, 3 E CONTANDO. O Bradesco anunciou uma parceria com o BNDES e o Fundo Ecogreen para criar uma certificadora de carbono, chamada Ecora. A ideia, segundo Marcelo Noronha, presidente do banco, é atender à crescente demanda por certificação de créditos, reduzindo a dependência de organismos internacionais e fixando padrões adaptados aos biomas brasileiros — ao encontro de uma das mais repetidas demandas nos discursos na COP30, por métricas “tropicais” de mensuração de emissões. A assessoria técnica da iniciativa ficará por conta da consultoria global em meio ambiente e sustentabilidade Aecom.
