Gado em Mato Grosso. Agricultura regenerativa | Crédito: Schuttertsock
Pecuária. Agricultura regenerativa | Crédito: Schuttertsock

Reunidos sob o slogan Carne do Futuro, um grupo de 74 pecuaristas do Mato Grosso está adotando práticas de agricultura regenerativa e sistemas de controle para tentar agregar valor à produção de carne bovina do Estado.

Juntos, os participantes reúnem cerca de 200 mil cabeças de gado para abate — ainda pouco (quase 0,1%) perto do rebanho no País, estimado em 220 milhões de cabeças. O objetivo é chegar a 300 mil cabeças no ano que vem.

Uma das principais bandeiras do grupo, criado há sete meses, é mudar a narrativa ambiental sobre a pecuária no estado, ainda dominada pelo modelo extensivo, em pastos, e comunicar com mais eficiência a preocupação dos criadores em produzir com responsabilidade.

“A ideia é quebrar estereótipos que associam a pecuária brasileira a danos ao meio ambiente. Nossa missão é difundir informações sobre as boas práticas e tecnologias que estão promovendo a sustentabilidade, com base em fatos e dados”, explica Luciano Resende, liderança e porta-voz do grupo.

Se as outras partes da cadeia, como os frigoríficos, viabilizarem a exposição das informações sobre a origem e o histórico da carne na embalagem, isso vai gerar engajamento na população e agregar valor à produção brasileira no exterior, diz Resende.

Segundo ele, a rastreabilidade completa já atinge 85% dos pecuaristas que fazem parte do programa. “Mas isso precisa alcançar o consumidor. Nosso principal objetivo é que chegue às gôndolas o histórico sobre de onde vieram os animais, por qual modelo de produção passaram, se tomaram antibióticos ou vacinas e qual a pegada de carbono daquela carne.”

Por ora, o movimento é mais uma frente de comunicação do que uma entidade formal. Resende diz que tem havido interlocuções com as associações do setor, como a Abiec (Associação Brasileira da Indústria Exportadora de Carne Bovina) e a CNA (Confederação Nacional da Agricultura).

“Ainda somos 100% independentes, mas em setembro recebemos um convite da CNA para apresentar nossas operações em um evento em Belo Horizonte”, conta Resende.

A medição do carbono na atividade inclui as emissões dos animais, que são um enorme problema ambiental, respondendo por 17% das emissões de gases de efeito estufa no Brasil, e também aquelas geradas por maquinários e processos.

Por outro lado, tenta contabilizar também o sequestro de carbono da atmosfera para o solo por parte das plantas.

Por meio de parcerias com empresas de nutrição de pastos e de monitoramento por meio de drones, os pecuaristas do grupo conseguem saber de quais fertilizantes ou defensivos o pasto precisa para nutrir mais e melhor os animais, ou qual o melhor momento para colocar o rebanho para pastar em um determinado talhão da fazenda.

Isso aumenta a produtividade e reduz o uso de químicos cuja produção envolve muitas emissões de gases de efeito estufa.

“O Brasil precisa se comunicar melhor sobre seus bons exemplos. A gente teve há pouco uma visita de um grande comprador de carne chinês, e ele comentou como era distorcida a imagem que tinha do produtor brasileiro antes de vir para cá”, diz.