
Enquanto as compras de defensivos ficam para a última hora, produtores rurais no Centro-Oeste antecipam as encomendas de fertilizantes. Essa é a leitura de Bruno Fonseca, analista de insumos do Rabobank, a partir de conversas com clientes.
“O mercado está mais ativo do que o normal para essa época do ano. Nossa estatística mostra um aumento de movimento em novembro e dezembro, por exemplo. Ouvimos relatos de condições especiais muito boas para já fechar a compra de fertilizante”, afirmou Fonseca, ao The AgriBiz.
Ainda é cedo para cravar o motivo exato que tem impulsionado o mercado, mas alguns fatores ajudam a desenhar o cenário. O cloreto de potássio, por exemplo, está num nível de preço abaixo da média histórica.
“No porto, o insumo custa US$ 355 por tonelada, ante a média histórica de US$ 395. Cloreto tem sido carro-chefe de aumento de importações de insumos”, explica Fonseca.
Ao mesmo tempo, as perspectivas para o fósforo seguem menos animadoras. Em fevereiro deste ano, o preço do fósforo, por exemplo, era de US$ 630 por tonelada, chegou ao pico de US$ 760 em julho e, agora, está em US$ 660.
“Mesmo assim, quando a gente analisa o P2O5 [pentóxido de fósforo, o nutriente em si] a importação do nutriente deve permanecer igual à do ano passado, mesmo com redução de importação de MAP e a substituição por Super Simples e Super Triplo”, destaca Fonseca.
Com isso em mente, o banco projeta que, no próximo ano, as importações de fertilizantes devem atingir um novo recorde, entre 46,5 milhões a 47 milhões de toneladas, ante 45 milhões de toneladas em 2025.
“Um risco para essa estimativa é o frete rodoviário, com mais rigor no preço mínimo, mas não vejo impacto ao menos a curto prazo, para a entrega para o milho safrinha”, explica Fonseca.
No dia 6 de outubro, entrou em vigor uma fiscalização eletrônica da tabela de piso mínimo do frete rodoviário, que, na prática, pode trazer preços para cima (uma vez que algumas empresas não vinham praticando os valores da tabela, especialmente no frete de retorno).