A goiana Jalles Machado, um grupo sucroalcooleiro que sempre se destacou pela produtividade acima da médias das usinas do Centro-Sul, se prepara para uma revolução na produtividade dos canaviais.
Em entrevista ao Raiz do Negócio, vídeocast produzido em parceria por The AgriBiz e InfoMoney, o diretor financeiro da Jalles, Rodrigo Penna de Siqueira, enfatizou o papel da produtividade agrícola para dar competitividade à cana na competição com o biocombustível feito de milho.
Siqueira reconheceu que a produção de etanol de milho, que vem crescendo de forma impressionante no Brasil, é mais eficiente em custos do que o tradicional etanol de cana.
Enquanto o investimento em um novo projeto de etanol de milho demanda de R$ 4 a R$ 5 por litro de capacidade produtiva, o etanol de cana precisa de algo entre R$ 7 a 8 reais por litro.
Em condições normalizadas de clima — excluindo, portanto, safras de maior restrição de oferta de cana como a atual —, etanol de cana possui uma desvantagem de custo 10% a 15%. “O capex e o opex do milho são mais baixos”, resumiu Siqueira.
Para mexer o ponteiro, a cana precisa de um choque de competitividade. Há alguns anos, isso talvez fosse improvável, mas os trabalhos de pesquisa e inovação em novas variedades e tecnologias pode mudar o quadro.
“Algumas variedades de cana estão produzindo 30% a mais”, disse o executivo da Jalles Machado, em alusão à IAC 8008, variedade de cana desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas.
Nos canaviais da Jalles, a variedade representou 3% dos canaviais na atual safra de cana (2025/26), que começou em abril. A partir da safra 2026/27, no ano que vem, a participação da IAC 8008 já deve chegar a 15%.
Além das novas variedades, a forma de plantio da cana também está prestes a passar por uma revolução. Depois de anos de pesquisa, o CTC está mais próximo de lançar a “cana semente”, com potencial para reduzir drasticamente os custos de plantio.
A previsão é que o CTC lance a “cana semente” em escala comercial em 2027. Nas indústrias sucroalcooleiras, muitos encaram a tecnologia como uma disrupção, pelo potencial de mudar a produtividade da cana em poucos.
Confira a entrevista completa com Rodrigo Penna de Siqueira aqui.