
A Produzindo Certo, uma companhia que já anuncia as intenções sustentáveis no nome de batismo, acaba de trazer um importante reforço. Em sua primeira incursão no mundo do venture capital, a companhia fundada pelo casal Aline e Charton Locks recebeu R$ 20,7 milhões para acelerar seu crescimento.
O aporte é liderado pelas gestoras Arar Capital e SP Ventures e conta ainda com a participação de casas como The Yield Lab, SLC Ventures — braço de investimentos em venture capital da companhia da família Logemann — e Agroven, clube de investimentos em inovação formado por empresários e executivos do agro.
A rodada se alinha à jornada de sustentabilidade e agricultura regenerativa da Produzindo Certo. Com os recursos, a companhia quer aumentar a base de fazendas atendidas, ampliar o portfólio de soluções ESG e se consolidar como o principal hub de inteligência socioambiental do agro na América Latina, transformando dados em soluções para o campo.
Os planos incluem reforçar as áreas comercial e de marketing, além de ampliar o time de tecnologia e expandir a oferta de produtos. Também está no horizonte fechar novas parcerias com o setor financeiro, incluindo bancos e seguradoras que utilizam os dados da empresa para conceder crédito verde, seguros e investimento de impacto.
“Estamos muito felizes em ter investidores que acreditam na mesma visão que a gente de que o agro brasileiro pode ser protagonista em sustentabilidade”, disse Aline Locks, cofundadora e CEO da Produzindo Certo.
Para Silvio Passos, fundador e presidente da AgroVen, a agtech está no centro da transformação do Brasil em um potencial protagonista ambiental no agronegócio, e o investimento está alinhado com o propósito de gerar riqueza para os brasileiros e saúde para o planeta.
“A Produzindo Certo representa exatamente o tipo de solução que queremos escalar na interseção entre tecnologia, sustentabilidade e impacto real no campo”, disse Kieran Gartlan, managing partner do The Yield Lab Latam.
Tecnologia a serviço da regeneração
Fundada em 2019 como um spin-off da ONG Aliança da Terra, a Produzindo Certo tem como premissa usar dados — por exemplo, sobre solo, conformidade ambiental, rastreabilidade e outros indicadores de sustentabilidade — e tecnologia para apoiar produtores e empresas na adoção de práticas socioambientais responsáveis.
Atualmente, a companhia monitora mais de 8,5 milhões de hectares em todo o País, ajudando fazendas a adotar práticas de baixo carbono por meio da integração de métricas de solo, biodiversidade e produtividade. São mais de 10 mil propriedades cadastradas na plataforma, que contribui com a conservação de 3,5 milhões de hectares de vegetação nativa nas fazendas.
Boa parte desse montante diz respeito à atuação própria, atendendo uma carteira de clientes que inclui grandes companhias do agro, como Unilever, Nestlé, ADM, LDC, Brasilseg (BB Seguros) e Bunge.
Mas há também programas conjuntos, como o consórcio Reg.IA (Consórcio de Agricultura Regenerativa da América Latina) e o Bov.IS (Consórcio de Pecuária Sustentável), iniciativas que fundou e lidera.
A plataforma da Produzindo Certo também é utilizada na geração de créditos RTRS (Round Table on Responsible Soy), totalizando mais de 5 milhões de toneladas de soja e milho certificados para grandes compradores globais, além de dezenas de milhares de créditos de couro sustentável destinados à indústria da moda, incluindo marcas como Ralph Lauren.
“Nossa plataforma conecta o campo às decisões corporativas e financeiras, oferecendo dados confiáveis sobre conformidade, riscos e resultados socioambientais. É a base para um agro mais competitivo, regenerativo e rastreável”, conclui Charton Locks, cofundador e COO da Produzindo Certo.
Para Alexandre Stephan, sócio da SP Ventures e novo investidor da Produzindo Certo, o investimento da companhia significa apostar na vanguarda do agro nacional, “conectando produtores rurais a mercados exigentes e garantindo a resiliência e valorização da cadeia produtiva a longo prazo”.
Com o investimento na Produzindo Certo, os investidores esperam acelerar as conexões entre “sustentabilidade, tecnologia e produtividade”, resumiu Paulo Ciampolini, da Arar Capital.