O governo dos Estados Unidos prepara um pacote de incentivos à pecuária, numa resposta aos preços recordes da carne bovina no país e ao aumento da necessidade de importações. A informação foi dada nesta terça-feira pela secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, em entrevista à CNBC.
Segundo Rollins, cerca de 17% dos pecuaristas americanos, ou 150 mil produtores, deixaram a atividade na última década em meio à consolidação dos frigoríficos — movimento que teve empresas estrangeiras como protagonistas, especialmente brasileiras. Agora, disse a secretária, é hora de “trazer de volta para os Estados Unidos a produção de carne bovina”.
“Vamos incentivar a abrir novas áreas, tornar mais fácil a vida do pecuarista, a abrir mais plantas de processamento pelo país”, disse Rollins. “Um realinhamento muito importante precisa acontecer para que possamos trazer de volta a nossa produção. Nós falamos muito sobre trazer a nossa manufatura de volta, precisamos fazer o mesmo na pecuária.”
A secretária chamou as medidas de “grande pacote” de incentivos que pode ser divulgado ainda nesta semana. Segundo ela, nos próximos dias o governo norte-americano também pode ter novidades em relação ao aumento das compras de carne da Argentina, como indicou o presidente Donald Trump nesta semana.
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A sinalização de que os EUA podem facilitar as importações de carne da Argentina gerou reclamações dos pecuaristas americanos, que se sentiram ameaçados. Rollins argumentou, na entrevista à CNBC, que os volumes importados da Argentina seriam pequenos em relação ao consumo total dos EUA.
Das 12 milhões de toneladas métricas de carne bovina consumidas pelos norte-americanos, apenas 2 milhões são importadas, destacou a secretária.
O drama na soja
Sobre a paralisação no comércio de soja entre Estados Unidos e China, Rollins disse que o governo Trump tem se esforçado para ampliar os destinos da oleaginosa nos acordos que vêm sendo fechados pela Casa Branca para diminuir a dependência da China.
Existe a expectativa de que Trump e o presidente chinês, Xi Jinping, se reúnam na próxima semana durante uma conferência na Coreia do Sul. A secretária, no entanto, evitou comentar sobre a possibilidade de um acordo entre os dois países.
Segundo ela, o governo está focado em garantir ajuda financeira aos produtores de soja para que eles possam planejar o plantio da próxima safra enquanto a questão comercial não é resolvida. Mas até nesse ponto os produtores americanos estão encontrando dificuldades. Com o shutdown que atinge os órgãos públicos dos Estados Unidos desde o início do mês, esse processo também está paralisado.
