Funding

Agroforte levanta R$ 60 milhões com XP e EQI

Fintech fundada por Felipe d'Ávila quer originar R$ 500 milhões em crédito no próximo ano, mirando o primeiro bilhão em 2027

Por que a China ainda está fechada para o frango brasileiro | Crédito: Schutterstock

A Agroforte, fintech que está desbravando o mercado de crédito para granjeiros e pecuaristas (de corte e leite) praticamente sozinha, acaba de assegurar mais R$ 60 milhões com investidores para o encorpar o Fiagro que aloca a carteira da startup fundada por Felipe d’Ávila, Gustavo Silva e Carlos Eduardo Mascarenhas.

Os recursos devem ajudar a Agroforte a ampliar o funding sob gestão, saindo de um patrimônio de R$ 100 milhões para cerca de R$ 160 milhões, disse Mascarenhas, diretor financeiro da startup, em entrevista ao The AgriBiz.

A expectativa da Agroforte é que o patrimônio continue crescendo, podendo chegar a R$ 200 milhões ainda no curto prazo, acrescentou d’Ávila.

Neste ano, a startup deve originar de R$ 250 milhões a R$ 300 milhões em crédito, o que é possível porque parte dos financiamentos aos granjeiros e pecuaristas é de curto prazo — o recurso volta para o fundo dentro do próprio ano, que concede novas linhas de crédito.

A ambição da Agroforte é originar R$ 500 milhões no próximo ano, mirando o primeiro bilhão em 2027.

Tipicamente, a fintech empresta os recursos em uma espécie de consignação, fazendo isso em acordo com as agroindústrias (laticínios e frigoríficos) que adquirem a matéria-prima (leite, frango, suíno ou bovino) de cada produtor.

Entre as indústrias parceiras, estão alguns dos maiores laticínios do País (Lactalis e Vigor, por exemplo) e gigantes do mercado de carne de frango (Seara, C.Vale, entre outros). Atualmente, quase 70% da carteira da Agroforte está no mercado de leite e 25% em aves e suínos.

Com esse modelo de consignação, a Agroforte limita a inadimplência, uma vez que a indústria já transfere automaticamente o pagamento ao produtor. Atualmente, a inadimplência da fintech está em 1,5%, bastante controlada quando se comparada aos resultados de Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal.

Custo mais baixo

A chegada do novo funding ocorre paralelamente à primeira safra de vencimentos das cotas de FIDCs captados pela Agroforte, mostrando uma evolução significativa na trajetória da companhia.

Com a validação da tese expressa na inadimplência controlada, a Agroforte levantou recursos a um custo de capital mais barato.

Quando levantou os primeiros recursos para o FIDC, as cotas com uma remuneração entre CDI + 6% e CDI + 8% ao ano para os investidores. Agora, a fintech captou com uma taxa de entre CDI + 4% e CDI + 6% ao ano.

Entre as novidades da captação da Agroforte, está a entrada de dois novos cotistas: EQI, uma corretora plugada ao BTG Pactual, e XP Investimentos.

Nas negociações com a asset da XP, a Agroforte contou a assessoria da Zera.Ag, butique de finanças agrícolas fundada por Octaciano Neto e Amanda Coura que se aproximou da fintech na estruturação do Fiagro do Paraná.

No fundo paranaense, a Agroforte fornece a esteira de análise de crédito para liberar financiamento aos granjeiros. A Zera.Ag é a consultora especializada, trabalhando em parceria com a Suno.

A Milênio é a gestora do fundo da Agroforte.