
Mesmo evitando a disparada dos fertilizantes com as compras de insumos feitas em janelas favoráveis nos últimos meses, a maior produtora de grãos do País terá custos mais altos na safra 2025/26, penalizando a geração de caixa.
Em mais uma evidência dos desafios que os agricultores enfrentarão para fazer boas margens na safra, a SLC detalhou na noite desta quinta-feira as projeções de plantio, custos e produtividade.
Os números frustraram os analistas da XP Investimentos. Em um relatório elaborado pela equipe de analistas composta por Leonardo Alencar, Pedro Fonseca e Samuel Isaak, a casa reagiu negativamente às projeções de custos da SLC.
O custo por hectare projetado pela companhia da família Logemann veio acima do que a XP esperava nas três principais culturas (soja, algodão e milho), o que pode desencadear uma reação negativa dos investidores no pregão desta sexta-feira, segundo os analistas.
Nas projeções da SLC, o custo por hectare consolidado será de R$ 7,1 mil, um salto de 10,2% na comparação anual. Os números vieram entre 8% e 11% acima das estimativas da XP, a depender da cultura.
Num fato relevante, a companhia agrícola justificou os custos maiores citando a necessidade de maior uso de fertilizantes para repor os nutrientes do solo, além de um reforço no pacote tecnológico de defensivos.
Para a XP, esse conjuntura vai reduzir o resultado operacional da companhia ao longo do próximo ano, quando o grosso dos resultados da safra 2025/26 será apurado.
Os analistas agora projetam um fluxo de caixa negativo de R$ 740 milhões no próximo ano, mais que dobrando a estimativa anterior — antes, a XP trabalhava com uma queixa de caixa da ordem de R$ 340 milhões.
Um risco adicional para a SLC está na produtividade. A companhia projeta um resultado recorde, o que parece desafiador especialmente no cultivo de milho — não é trivial bater a produtividade excepcional da última safrinha.
Listada na B3, a SLC está avaliada em R$ 7,2 bilhões. Neste ano, as ações caem 6,1%. A XP mantém a recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 18,6. Atualmente, os papéis negociam próximos de R$ 16,40.