
O biólogo Luciano Gasparini não pensava em vender a empresa de fertilizantes especiais que fundou, a Aqua do Brasil, quando foi abordado pela IGC Partners, há pouco mais de dois anos.
Passo a passo, a conversa foi ganhando corpo — e a possibilidade de crescer, via M&A, ficou mais sedutora. Deu casamento: a Aqua do Brasil acaba de ser vendida para a SAS, uma investida da britânica Stirling Square — firma de private equity com cerca de 3 bilhões de euros em ativos sob gestão.
SAS é a sigla para Sustainable Agro Solutions, uma holding espanhola focada em nutrição vegetal a partir de soluções biológicas e orgânicas, que tem a ambição de se tornar líder global no segmento. Está presente em mais de 100 países, mas, até então, tinha uma presença tímida no Brasil.
A SAS tinha apenas uma operação comercial pequena no País, vendendo parte de seu portfólio global. Com a aquisição, a primeira fora da Europa, a firma ganha fôlego para avançar no mercado de especialidades, no qual a Aqua está presente há 15 anos — o fundador, Gasparini, tem uma experiência de 25 anos no segmento.
Com sede em Salto, no interior de São Paulo, a empresa surgiu da experiência de Gasparini no mercado de fertilizantes. “Em 2010, decidi aproveitar minhas conexões com empresas europeias e asiáticas para fundar a empresa. Sou muito fissurado em inovação”, contou o fundador ao The AgriBiz.
Com uma estrutura própria de P&D (são quatro laboratórios, hoje) a empresa se firmou no mercado de hortifrúti no País, vendendo produtos de base botânica. Por exemplo: extrato de cravo, ou de gergelim, para fazer produtos de estimulação para plantas, um fertilizante de maior valor agregado.
“Muitas empresas de especialidades estão envolvidas em transações atualmente e, mesmo assim, não é simples fazer negócio no setor. Recebemos várias ofertas de interessados internacionais, justamente pelo fato de eles atuarem nesse nicho, de produtos orgânicos. Existe uma visão de perenidade desse setor”, resume Marcelo Semeoni Filho, sócio da IGC Partners.
O valor da transação não foi revelado.
Faturamento de R$ 40 milhões
Hoje, a Aqua tem linhas de fertilizantes especiais, condicionadores de solo e fisioativadores, numa oferta voltada à sustentabilidade. “Quinze anos atrás o produtor não estava preocupado, mas isso mudou de forma muito rápida e acelerada”, conta Gasparini.
Nos últimos quinze anos, a Aqua cresceu, em média, 35% a 40% ao ano, com os produtos sendo comercializados em 21 estados do Brasil — com destaque para a região Nordeste, na produção de frutas — e em dez países da América Latina. Em 2024, faturou R$ 40 milhões, com um endividamento zerado. “Não temos dívida há 14 anos”, frisa o fundador.
Após a união de forças com a SAS, Gasparini segue como CEO da Aqua, numa agenda direcionada ao crescimento, rumo à liderança nacional de soluções ligadas ao mercado de especialidades. A empresa tem uma fábrica em Salto que contava com uma capacidade ociosa de mais de 60%, um trunfo e tanto para a empresa gringa passar a aproveitar.
“Minha vida é trabalhar com especialidades, não poderia ser diferente. Temos quase 60 famílias hoje envolvidas com a empresa. É extremamente prazeroso poder participar desse novo passo que a Aqua está dando”, afirma o fundador.