Balanço

Não é só o BB. Inadimplência rural da Caixa dispara

Atrasos acima de 90 dias chegaram a 7% da carteira ligada ao agronegócio em junho, um indicador que era de 4,3% em março e de 2,1% há um ano

Caixa

A Caixa Econômica Federal pôs o pé no freio no crédito rural, mas não escapou do aumento da inadimplência no segundo trimestre. No balanço divulgado na noite desta quarta-feira, o banco estatal mostrou que os atrasos acima de 90 dias chegaram a 7% da carteira ligada ao agronegócio em junho, um indicador que era de 4,3% em março e de 2,1% há um ano. 

Na definição do relatório do banco, atrasos superiores a 90 dias são classificados como “Estágio 3”, seguindo uma recomendação recente do CMN (Conselho Monetário Nacional). Fazendo a conta (na mão) do que está nessa classificação, em relação à carteira de agro total, os percentuais são ligeiramente diferentes. Sob essas bases, a inadimplência seria de 6,3% em março e de 8,75% em junho.

Diferentemente do Banco do Brasil, é bom lembrar, na Caixa a carteira de crédito agro tem um peso consideravelmente menor.

No BB, o financiamento ao agronegócio representa quase um terço da carteira de crédito do banco, com mais de R$ 363 bilhões dedicados ao setor. Por isso, o aumento da inadimplência superior a 90 dias — passando de 3,04% em março para 3,49% em junho — afetou tanto o desempenho das ações do banco na Bolsa após a divulgação dos resultados

Nos dados apresentados nesta noite, a Caixa mostrou que os financiamentos rurais somaram R$ 60,5 bilhões, de uma carteira total de R$ 1,2 trilhão. A carteira é carregada principalmente pelos financiamentos imobiliários, que responderam por R$ 875 bilhões.

Mesmo com uma participação bem mais tímida do que no BB, o agronegócio ganhou uma nota discreta no relatório da administração, que explicou uma postura mais rígida do banco em relação à concessão de crédito para o agronegócio.

De acordo com o documento, os R$ 60,5 bilhões destinados ao agro representam uma redução de 4,8% em relação a março. O banco sinalizou uma postura mais restrita principalmente para o crédito pessoa física (ou seja, produtor rural), cujos empréstimos diminuíram 2,9% na comparação com o primeiro trimestre.