
A aposta de fundos especulativos na queda do açúcar está errada, segundo Plínio Nastari, fundador da Datagro e um dos principais especialistas neste mercado no País. Desde o início do ano, os fundos vêm aumentando as posições vendidas na bolsa de Nova York, num volume que já chegou a 150 mil lotes vendidos.
“Estamos vindo de três anos de déficit no mercado mundial de açúcar, de 8,5 milhões de toneladas. Para o ano comercial 2025/26, há a expectativa de um superávit de 900 mil toneladas, que apenas faz cócegas no déficit acumulado”, afirmou Nastari em painel no Agro Summit, evento realizado pelo Bradesco BBI nesta semana.
Segundo Nastari, “qualquer suspiro” nesse balanço, seja por problemas climáticos ou por mudança de mix, já deixaria as relações de oferta e demanda próximas do zero novamente.
“Os estoques ainda estão baixos na China. Aqui no Brasil, já estão 30% menores do que no ano passado. Por todos esses motivos, nossa visão é construtiva para os preços”, destacou.
Hoje, os contratos futuros de açúcar são negociados na bolsa de Nova York ao redor de 16,5 centavos de dólar por libra-peso, um patamar bastante apertado para incentivar a produção mesmo no Brasil, líder em competitividade. Na região Centro-Sul, o custo de produção é estimado em 16,3 centavos de dólar por libra-peso, em média, de acordo com Nastari.
Ao considerar o balanço ainda justo entre oferta e demanda global, Tomás Manzano, CEO da Coopersucar, fez coro ao argumento do fundador da Datagro.
“Nós vivemos uma influência de curto prazo, fruto de um cenário de juros mais altos, aversão a risco e a commodities, mas o fundamento é muito consistente. Não vejo [o açúcar] sendo negociado a menos de 15 centavos”, ressaltou Manzano no mesmo painel.