Depois do susto com o uso indevido dos fundos de reserva pela Virgo, a Faria Lima abriu negociações para encontrar uma solução para o futuro da securitizadora.
Uma reunião realizada ontem (20) deu o pontapé inicial nesse processo. Realizado na sede da XP Investimentos, em São Paulo, o encontro contou com a participação de representantes de 18 gestoras e do dono da Virgo, Ivo Kos, apurou The AgriBiz.
Os gestores argumentaram que uma securitizadora é um negócio que demanda confiança, o que ficou mais escasso na Virgo após as revelações.
Para solucionar esse problema, um dos caminhos aventados é colocar alguém de confiança desse grupo de gestores para tocar a empresa. Nesse processo, uma alternativa é trazer um novo sócio para a Virgo.
O engajamento no tema segue a todo vapor. Além da conversa de ontem, novas propostas surgiram na manhã desta quinta-feira (21) e vieram para a mesa da Virgo.
Antes mesmo de a crise estourar, vale lembrar, a securitizadora já tinha pelo menos uma negociação em andamento.
Fontes ponderam que as conversas ainda são iniciais e não há nada fechado até o momento. Nesse processo, há até quem defenda que uma solução poderia envolver apenas os CRIs (Certificado de Recebíveis Imobiliários).
Procurada pela reportagem, a Virgo confirmou o recebimento das propostas e disse que “avaliará diligentemente o melhor caminho a ser tomado”. A empresa acrescentou que “segue sólida e comprometida com a evolução do mercado de securtitização brasileiro e de seu negócio”.
***
A busca de soluções para o problema da Virgo tem a ver com a espinha dorsal da indústria de securitização, especialmente no mercado imobiliário.
No caso dos CRIs, trocar todos os papéis da securitizadora seria um inferno burocrático — além de um custo gigantesco relacionado à transferência de propriedade fiduciária dos imóveis.
A Virgo é a segunda maior securitizadora do País, atrás da Opea. No agronegócio, detêm 25,2% de share nas emissões de CRAs, perdendo apenas para a líder Ecoagro, que possui 35,4%, conforme dados do Clube FII.
