
Depois de um ano fiscal turbulento, a JGP deu um passo relevante para colocar a cabeça para fora d’água. No mês passado, a gestora regularizou a distribuição de dividendos, sinalizando ter confiança na retomada após o baque causado pela recuperação judicial da Agrogalaxy.
Desde setembro, quando a rede de revendas chocou o mercado com o pedido de proteção aos credores, o JGPX11 — Fiagro listado da gestora — vinha pagando um nível reduzido de dividendos.
Mas a situação mudou a partir de 1º de julho, com o início do novo ano fiscal e a absorção da marcação a mercado provocada pelo calote sofrido nos CRAs da Agrogalaxy — o fundo precisava manter-se enquadrado às regras de distribuir apenas considerando o regime de competência.
“Com a Agrogalaxy, a gente teve uma remarcação que impactou o equivalente a quatro reais para a minha distribuição. Poderia ter ficado apenas quatro meses sem distribuir, ou linearizar isso, que foi a nossa escolha final. Ficamos o dobro do tempo distribuindo metade”, explicou Julia Bretz, gestora do JGPX11, ao The AgriBiz.
Com a entrada do novo ano fiscal, a gestora carioca prevê distribuir de R$ 1,00 a R$ 1,30 em dividendos mensais, mais que dobrando o nível de distribuição de R$ 0,55 que vinha ocorrendo anteriormente.
Ao dar uma projeção de dividendos que vale para todo o ano, a JGP indica que está mais construtiva com o portfólio, dando conforto aos cotistas. Não à toa, os papéis do JGPX11 dispararam.
Em 30 dias, o Fiagro da gestora subiu quase 9%, bem acima de outros pares — os fundos listados de casas como Capitânia, Itaú e AZ Quest andaram de lado no mesmo período, oscilando menos de 1% no mesmo período.
Para navegar melhor no crédito ao agronegócio, a JGP vem intensificando a alocação em ativos considerados mais conservadores. Leia-se: títulos high grade, empresas com rating externo e empresas com estruturas de garantias consideradas boas para os ativos.
Atualmente, esse tipo de ativo, somado ao caixa, compõe quase 30% do fundo. Ao longo do último ano fiscal, os ativos high grade (rating A+ e A) passaram de 7% e 0%, respectivamente, para 12% e 14%.
Outros 40% da alocação está em operações com um risco médio, que não preocupam a gestão, e 30% são de operações com monitoramento intensificado. Ao longo deste ano fiscal, houve uma mudança de rating interno em alguns ativos (com reajustes para baixo), o que explica em parte a alocação de um terço da carteira em ativos mais arriscados.
“Para a gente, é importante o investidor entender que aqui 70% da carteira não vai ter notícias negativas que façam ele pular da cadeira. Esses 30% que monitoramos são empresas que conversamos semanalmente para entender como estão os recebíveis”, ponderou Bretz.
A busca pelo cotista
Mesmo com a valorização atípica no último mês, as cotas do fundo ainda são negociadas a um desconto de 25% sobre o valor patrimonial (considerado o valor justo, com base nos ativos).
Assim como o restante da indústria de fundos listados, a busca pela valorização das cotas segue, de olho em diminuir (ou eventualmente zerar) essa diferença entre o valor patrimonial e o de mercado.
No caminho para atingir esse objetivo, além de trazer mais previsibilidade para a distribuição dos proventos neste ano e de reforçar a alocação em ativos high grade, a gestora contratou recentemente um formador de mercado para melhorar liquidez (o fundo negocia menos de R$ 400 mil por dia).
A convergência do valor de mercado para o valor patrimonial é um dos fatores essenciais para a gestora voltar a pensar em novas ofertas.
“Se o cotista não está feliz, não tem por que a gente vir com novos fundos ainda. É um pouco do nosso sentimento. Também estamos esperando outros fundos testarem as águas. Fomos o quarto fundo da indústria em 2021, mas neste momento vamos mais prezar pelo conservadorismo do que pelo pioneirismo”, resumiu Bretz.
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O JGPX11 tem um patrimônio líquido de R$ 205 milhões.