
A Starbucks já tem data marcada para elevar seus preços de café, repassando aos consumidores americanos o aumento de custos causado pela guerra tarifária promovida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Segundo a companhia, os aumentos devem ser sentidos em mais intensidade entre outubro e março, o primeiro semestre do próximo ano fiscal.
“Devido à nossa política de compra de café e práticas de hedge, os impactos das tarifas devem ser mais lentos em comparação com o mercado, com os aumentos de custos na base anual atingindo o pico na primeira metade do ano fiscal de 2026”, afirmou a CFO Cathy Smith.
Curiosamente, esse foi o único comentário da liderança da Starbucks durante a apresentação de resultados no terceiro trimestre de seu ano fiscal, nesta terça-feira (29) — a companhia não foi questionada sobre esse tema pelos analistas de mercado norte-americanos presentes na conferência.
Até aqui, a nova tarifa está programada para entrar em vigor na próxima sexta-feira (1º/8), mas ainda há um fio de esperança de que o café se torne uma exceção à regra, ficando isento das tarifas.
Segundo analistas, os EUA não têm de onde comprar o café que tradicionalmente adquirem do Brasil, e, caso a ameaça de Trump se concretize, a previsão é de aumento de preços ao consumidor norte-americano, com inflação e possível desemprego, dada a relevância do café na economia dos EUA.
Novo modelo de lojas: volta ao básico
Após alguns anos investindo em modelos alternativos de venda, principalmente o “take away” (quando o consumidor compra o café para consumir em movimento), a gigante global de varejo de café voltou a investir na chamada “experiência de loja”, seguindo uma estratégia denominada “De Volta ao Starbucks”.
“Neste trimestre, resolvemos problemas e trabalhamos duro para construir uma base operacional sólida. Com base em minha experiência com ‘turnarounds’, estamos adiantados em nosso processo”, comentou o CEO Brian Niccol.
Segundo ele, a empresa vai lançar no ano que vem “uma onda de inovação que vai impulsionar o crescimento e melhorar a experiência de atendimento ao cliente”.
Os resultados trimestrais
Nas principais linhas do balanço do terceiro trimestre encerrado em 29 de junho, a Starbucks divulgou um aumento de 4% no faturamento, que chegou a US$ 9,5 bilhões, mesmo com uma queda de 2% nas vendas — parcialmente compensada por um aumento de 1% nos preços.
A queda foi puxada pelos Estados Unidos, onde a receita caiu 2%, puxada por uma diminuição de 4% no número de transações, e parcialmente compensada por um aumento de 2% nos preços.
Já nas vendas internacionais, a receita se manteve estável — à exceção da China, onde as vendas cresceram 2%.
A companhia inaugurou 308 novas lojas o período, totalizando 41.097 pontos de venda no mundo, dos quais 53% são operados pela Starbucks, e 47% são licenciados.
A margem operacional caiu 6,8%, para 9,9%, “sob influência da inflação, da desalavancagem e dos investimentos na estratégia “De Volta ao Starbucks”. O lucro por ação também caiu 47% na comparação anual, para US$ 0,49.
Listada na Nasdaq, a Starbucks está avaliada em US$ 105 bilhões.