
Depois de desarmar os céticos que duvidavam da capacidade de produzir ovos orgânicos em larga escala no Brasil, mostrando que era possível desenvolver uma ampla rede de fornecedores de milho orgânico, a Raiar quer liderar a agenda de saúde animal na avicultura de postura.
Liderada por Marcus Menoita, a granja se tornou a primeira companhia do Hemisfério Sul a utilizar uma tecnologia alemã que faz a sexagem ainda dos ovos embrionários, evitando o descarte cruel de pintinhos machos.
Usualmente, as aves de postura são separadas pelas casas genéticas depois da eclosão, com os machos descartados e as fêmeas enviadas para as granjas de postura. Nesse processo, os pintinhos são triturados ou esmagados porque não têm aptidão para a criação como frangos de corte.
Na Europa, as críticas ao processo de descarte já vinham provocando mudanças, com a legislação de países como Alemanha e França determinando que o processo de sexagem seja feito ainda no ovo — no caso francês, a regra vale apenas para as aves de linhagem marrom.
Epicentro da transformação, a Alemanha é a sede da ATT, companhia de tecnologia que criou a Cheggy, uma espécie de scanner que consegue identificar o sexo do embrião a partir da projeção de um feixe de luz sobre cada ovo.
A tecnologia funciona apenas nas linhagens marrons — por uma questão simples de entender.
Nas linhas que botam dos ovos dessa cor, os pintinhos são brancos e as pintainhas, marrons. Como a tecnologia identifica o sexo a partir da coloração da futura penugem, é possível diferenciá-los. No caso das linhas de ovos brancos, no entanto, esse mecanismo não é efetivo porque machos e fêmeas são da mesma cor.
A tecnologia permite que a Raiar, que só utiliza aves poedeiras de linhagem marrom (Lohmann Brown), use o scanner em 100% do plantel. É uma realidade à parte do cenário nacional: estima-se que 80% das aves poedeiras do País seja de linhas brancas.
“É um marco empresarial para a Raiar e para a avicultura de postura no Brasil”, afirmou Menoita, durante uma entrevista coletiva para anunciar a chegada da nova tecnologia.
Para trazer o equipamento da Cheggy, a Raiar importou o equipamento da Alemanha junto à ATT. A máquina ficará alocada no incubatório da Hy-Line em Nova Granada, no interior de São Paulo.
Globalmente, a prestação do serviço de sexagem in-ovo custa entre 1,5 euro e 2 euros por ovo, um custo pouco representativo considerando a produção média de cada galinha poedeira ao longo de sua vida útil (cerca de 440 ovos).
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Fundada há cinco anos, a Raiar deve fechar dezembro com um plantel de 400 mil galinhas — capazes de botar 6 milhões de ovos por mês —, dobrando de tamanho em apenas um ano. A companhia projeta faturar entre R$ 80 milhões e R$ 100 milhões em 2025.