Algodão

SLC deflagra megaprojeto de R$ 900 milhões para irrigar o oeste baiano

Nas contas da companhia, a irrigação pode adicionar de R$ 6 mil a R$ 7 mil por hectare a cada safra, beneficiando o cultivo de algodão

Lavoura de algodão

CRISTALINA (GO) — Depois de consolidar a liderança como maior grupo agrícola brasileiro, ultrapassando 800 mil hectares em área plantada de grãos e algodão, a SLC deflagrou um dos planos mais ambiciosos de irrigação do País.

Num projeto que deve se desdobrar ao longo dos próximos cinco anos, a companhia da família Logemann vai instalar a estrutura necessária para irrigar mais 37,1 mil hectares — chegando a 53,2 mil hectares —, o que vai demandar mais de R$ 900 milhões.

A conta considera que o investimento custa cerca de R$ 25 mil por hectare, segundo estimativas de mercado. A expansão será feita gradualmente. Na safra 2025/26, a companhia prevê instalar a estrutura de irrigação em mais 3,3 mil hectares.

Embora represente um desembolso significativo, o retorno é atraente, reduzindo o risco climático no cultivo de algodão no Oeste da Bahia — especialmente em São Desidério e Jaborandi.

Durante a visita anual de analistas e investidores à fazenda Pamplona, no município goiano de Cristalina, o diretor de operações da SLC, Leonardo Celini, mostrou na semana passada os números que justificam o entusiasmo com os investimentos em irrigação.

Pelas contas do executivo, a irrigação pode adicionar de R$ 6 mil a R$ 7 mil por hectare a cada safra, um montante significativo. Para se ter uma dimensão, vale olhar os custos de produção. Atualmente, o cultivo de algodão da SLC consome em torno de R$ 11 mil por hectare.

Para demonstrar os benefícios da irrigação, Celini citou exemplos de áreas da SLC que utilizam pivôs. Na fazenda Paysandu, localizada na baiana São Desidério, as áreas de algodão irrigado renderam 360 arrobas por hectare, bem acima das 120 arrobas por hectare na área de sequeiro.

A soja também se beneficia enormemente. Em uma mesma fazenda, a área irrigada chegou a 73,69 sacas por hectare em uma safra, contra 35,2 sacas no sequeiro, de acordo com o executivo.

Ao mudar os padrões de produtividade, a SLC deve conseguir um fluxo de caixa mais estável. Os resultados dessa expansão vão se traduzir, inevitavelmente, na valorização do portfólio de terras da companhia.

Atualmente, as terras da SLC estão avaliadas em R$ 13,4 bilhões, conforme o mais recente laudo realizado pela consultoria Deloitte. Considerando as mesmas terras que a companhia possuía em 2007, quando fez o IPO, a valorização foi de 13,44% ao ano, em média.

Combinada aos resultados das operações agrícolas, a valorização das terras mostrou que a SLC pode trazer retornos substanciais. “Atingimos nosso sonho com um retorno tão bom quanto o dos melhores bancos”, disse Aurélio Pavinato, CEO da SLC, durante a apresentação aos investidores.

De 2020 a 2024, o retorno médio sobre o patrimônio da SLC chegou a 22,9% ao ano, sendo 13,9% desse total oriundo da apreciação das terras, e o restante gerado pelas operações agrícolas da companhia.