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Oriz Partners, de Carlos Kawall, dá os primeiros passos no agro

Gestora já administra cerca de R$ 1 bi ligado ao agro em seu family office — e mira novo fundo de terras

Fazenda terras

A Oriz Partners, gestora criada há pouco mais de dois anos pelo economista Carlos Kawall — ex-secretário do Tesouro e economista-chefe do Banco Safra —, está montando uma estratégia dedicada ao agronegócio.

Os primeiros passos começaram pelo passivo. Cerca de 10% dos R$ 10 bilhões sob gestão no family office Oriz vêm de um clientes ligado ao agronegócio. Agora, a gestora começa a olhar com mais atenção para o ativo.

Como parte desse esforço, a gestora trouxe como sócia a banker Brunna Viana (ex-Andbank e BTG), uma goiana com mais de 15 anos de experiência no setor.

“Atender a demandas como wealth planning, focada em tributos, e conseguir combinar isso com ofertas de M&A, por exemplo, ou fundos exclusivos que ajudem a desafogar o caixa, é uma demanda que a gente encontra no Mato Grosso e Goiás”, diz Viana ao The AgriBiz.

Encontrar essas oportunidades depende da proximidade com o campo. Nas próximas semanas, Viana e José Paulo Scheliga, CEO da Oriz, irão ao Centro-Oeste em visitas que devem se tornar cada vez mais frequentes no calendário da gestora paulistana. A Oriz também planeja aumentar a equipe de bankers de agro.

Paralelamente aos esforços do relacionamento, a gestora se vale da oferta de serviços para empresas como a porta de entrada para aumentar sua participação no agronegócio — especialmente na área de investment banking, com a estruturação e distribuição de operações de crédito.

“Nós fomos a primeira empresa não financeira a obter da CVM a licença para ser coordenadora de ofertas públicas de mercado de capitais. A gente não imaginava que fosse ter o sucesso que teve. Já fizemos mais de 30 transações, incluindo o agro, sendo mais de R$ 3 bilhões em volume”, explica Scheliga.

As ofertas não têm um tamanho mínimo, com a casa já tendo feito operações que vão de R$ 5 milhões a R$ 350 milhões, em diferentes setores. Via de regra, de 20% a 30% é absorvido pelos próprios clientes da Oriz, com o restante sendo distribuído ao mercado.

“Como a gente é 100% independente, muita gente que não queria se associar a um banco está nos procurando. Somos uma plataforma aberta tanto para comprar operações quanto para vendê-las. Os clientes veem muito valor nisso”, argumenta o CEO da Oriz.

Nessa vertical, a casa faz todo tipo de produto estruturado — com ênfase em CRA, CRI e FDIC, mas não abre mão do absoluto controle do risco. “Temos uma governança forte. A gente tem um comitê de crédito e deve aprovar entre 3% e 5% das operações que a gente leva. Na dúvida, é não”, diz Scheliga.

Fiagro de terras

No agro, a gestora deu seu passo mais contundente até aqui dentro dessa divisão no ano passado, com a criação de um Fiagro de terras, que captou R$ 300 milhões de olho na tese de recuperação de terras degradadas. 

“Está no nosso pipeline abrir um novo fundo, maior do que esse. A gente quer ir para a casa do bilhão. Nós enxergamos muita oportunidade, dentro mesmo dessa tese de recuperação de terras degradadas”, explica Scheliga.

No primeiro Fiagro de terras da casa, a Oriz tinha um foco comprar a terra degradada, recuperar e vender. No próximo veículo, o intuito é ir além, fazendo investimentos em operações de sale and leaseback e arrendamentos de prazos mais longos.

Em curto espaço de tempo, a gestora percebeu o potencial de retorno da tese, mesmo antes de completar o ciclo de conversão para agricultura.

“Teve uma fazenda que a gente comprou, arrumou a sede, arrumou pista de pouso, fez uma linha de transmissão e já vendeu 40% acima do preço, entendeu? Era um fundo assim, muito oportunístico. Esse segundo fundo será também, mas vai ter menos pressa”, citou Scheliga.