
O nome Agrogalaxy vai sumir do campo. Quase dez anos depois de a rede de revendas ter sido criada, as lojas incorporadas pela companhia vão voltar às marcas antigas, num esforço de retomada do relacionamento com os clientes em meio à recuperação judicial.
Na nova organização, todas as lojas do Paraná, São Paulo e Sul de Minas Gerais, a partir de hoje (24) vão voltar a operar sob a marca Agro100. Em Campo Novo do Parecis (MT) e em Rondônia, é a marca Agrocat que volta. E, em Goiás, Vale do Araguaia, Maranhão, Pará, Tocantins e Unaí (MG) vem a retomada da Rural Brasil.
“Quero voltar a ter o produtor rural tomando café, tomando chimarrão nas lojas. Parando com a caminhonete e levando produtos. Temos trabalhado muito no nosso time com a simplificação de processos para facilitar a experiência”, afirma Eron Martins, CEO da AgroGalaxy, ao The AgriBiz.
Reduções no número de lojas não estão programadas, segundo o CEO. Na visão dele, a companhia, que hoje tem 65 lojas, está com o número ideal para trabalhar — por enquanto, não há previsão de demissões também.
No último balanço divulgado pela companhia, referente ao primeiro trimestre de 2025, é possível ter uma noção do tamanho que as marcas a serem retomadas ocupam hoje.
A Agrocat teve uma receita de R$ 51 milhões no período, enquanto a Rural Brasil faturou R$ 119 milhões e, a Agro100, R$ 115 milhões. No trimestre, a Agrogalaxy consolidada teve receita líquida de R$ 341 milhões.
As três tiveram uma redução expressiva em relação ao ano anterior, fruto do momento delicado da rede de revendas. No primeiro trimestre de 2024, a Agrocat havia faturado R$ 208 milhões. A Rural Brasil, R$ 460 milhões e, a Agro100, R$ 598 milhões. A Agrogalaxy, não custa lembrar, teve R$ 1,5 bilhão em receita.
Como a AgroGalaxy nunca incorporou os CNPJs das empresas adquiridas, tudo permanece como está. Não há transição de CNPJs e nem nenhum tipo de mudança na forma como a dívida da companhia está estruturada na recuperação judicial, segundo o CEO.
Nesse novo momento, o nome da companhia listada vai representar apenas a holding, responsável pela gestão de todas essas marcas, assumindo tarefas como a comunicação com o mercado financeiro e o relacionamento com fornecedores.
São esses os pontos que o CEO defende ao ser questionado sobre um eventual fracasso na tese de consolidação de revendas. “Já fui indústria, tendo que fornecer crédito para revendas. Vou continuar buscando sinergias para o volume consolidado dessas marcas, governança, gestão de pessoas, política de remuneração de companhia listada”, explica Martins.
Não há processos de M&A ocupando o dia a dia da companhia, segundo o CEO. “Nós temos feito alguns estudos de organização societária, mas muito mais visando à preparação para adaptações decorrentes da reforma tributária. Estamos focados em entregar o que o plano de recuperação judicial propõe”, diz.
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A Agrogalaxy vai apresentar o tamanho da sua dívida após a homologação do plano de recuperação judicial junto com os dados do segundo trimestre.