
O tão aguardado aumento da mistura do etanol na gasolina e do biodiesel ao diesel deve ser anunciado ainda nesta semana, segundo o deputado federal Arnaldo Jardim, uma das principais lideranças do agro em Brasília.
Em palestra de abertura da terceira edição do Harvesting Innovation, evento anual promovido pela SP Ventures, Jardim disse que o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) deve se reunir na próxima quarta-feira para homologar o aumento da mistura de etanol na gasolina de 27% para 30% e do aumento do biodiesel de 14% para 15%.
Segundo Jardim, todos os estudos que estavam sendo realizados para embasar o aumento da mistura do etanol para 30% já foram finalizados, abrindo o caminho para a aprovação da mudança pelo CNPE.
Durante a palestra de quase uma hora, o deputado ressaltou o papel do etanol de milho na matriz energética brasileira — e a necessidade de aperfeiçoar ainda mais as discussões sobre outros combustíveis feitos de forma sustentável.
Entre os diferentes fatores que podem impulsionar a busca pelo etanol, o SAF feito a partir do biocombustível pode ser uma avenida, assim como o biocombustível marítimo — que já tem metas de descarbonização feitas pela IMO, entidade que regula o setor.
“Temos um avanço importante na produção de biometano, um instrumento para descarbonização do gás natural, avançamos no combustível sustentável de aviação. O Brasil não só terá condições de descarbonizar o querosene de aviação, mas de sermos exportadores competitivos nessa questão. Isso nos permite ter protagonismo na COP30”, disse o parlamentar.
Para o deputado, há três prioridades claras para o Brasil na COP 30: Buscar o protagonismo no mercado de biocombustíveis; financiamento visando redução das emissões por meio de investimentos na produção agrícola em áreas degradadas; e definição de métricas para o mercado de créditos de carbono.
“Nós definimos a legislação sobre créditos de carbono e o agro ficou de fora. Alguns viram nisso uma tentativa de omissão, outros disseram que era uma válvula de escape das mudanças climáticas. Longe disso”, enfatizou Jardim.
Para o deputado, a agricultura tropical, como a brasileira, ainda não tem métricas definidas de forma “cientificamente apurada” para que se possa ir ao mercado compulsório com metas fixadas — uma discussão na qual se pretende evoluir, inclusive com recursos da FPA (Frente Parlamentar Agropecuária) à Embrapa.
A ambição é colocar na mesa uma legislação que possa unificar a forma como se mede créditos de carbono na agricultura — o que poderia, no longo prazo, criar condições para a realização de transações internacionais, monetizando de forma mais clara o mercado de carbono na agricultura.
Chapa Tarcísio-Tereza
A política não poderia ficar de fora da fala do deputado, que ocupa o posto de vice-presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária. No cenário internacional, Jardim destacou a evolução da União Europeia em direção à assinatura do acordo comercial com o Mercosul em meio à política tarifária de Donald Trump e os conflitos no Oriente Médio.
“A resistência inicial diminuiu. A ida do presidente à França já mexeu um pouco nisso, já que é o país que mais faz resistência”, disse o deputado. “Devemos arbitrar relações até nos aproveitarmos disso porque podemos ter vantagens competitivas. Mas o acordo Mercosul-UE vai sair mais rápido até por causa dessa conjunção internacional”, disse.
Os comentários sobre política chegaram a 2026 — e arrancaram aplausos da plateia: “O Brasil não pode continuar nessa polarização repleta de adjetivos e carente de substantivos, um bate-boca que não tem a ver com a realidade. Na minha chapa, vou trabalhar incansavelmente para que Tarcísio [de Freitas] seja o candidato a presidente e Tereza Cristina, a vice”, encerrou Jardim, citando a dupla de ex-ministros de Jair Bolsonaro.