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CVM adia assembleia que votaria fusão Marfrig-BRF por 21 dias

Após manifestação de minoritários da BRF, CVM pediu informações sobre os critérios para a definição da relação de troca das ações das empresas na fusão

A Comissão de Valores Mobiliários adiou por 21 dias a assembleia de acionistas da BRF que ocorreria amanhã para votar a fusão da dona da Sadia com a Marfrig, sua controladora.

A xerife do mercado de capitais brasileiro decidiu que as companhias devem divulgar aos demais acionistas os documentos, critérios e informações que levaram os respectivos comitês independentes à definição da relação de troca proposta entre as ações (BRFS3 e MFRGS3).

Com essas informações, todos os acionistas terão condições mais transparentes de avaliação dos termos propostos para a fusão.

Desde que a incorporação da BRF pela Marfrig foi proposta, alguns acionistas minoritários da BRF criticaram a relação de troca das ações, por considerar que são desfavoráveis à dona da Sadia.

Em um fato relevante conjunto, as empresas divulgaram que estão avaliando as medidas cabíveis, incluindo um eventual pedido de reconsideração da decisão da CVM.

A decisão da CVM ocorreu em resposta à manifestação de dois acionistas minoritários da BRF: a gestora Latache, que é acionista da BRF por meio do fundo multimercado Nova Almeida, e um investidor identificado na ata da reunião da CVM como A.R.M.F., detentor de 0,11% de ações da companhia.

Ao que tudo indica, as iniciais são de Alex Fontana, membro da família fundadora da Sadia. Em entrevista recente ao Pipeline, Adriano Fontana, filho de Alex, questionou a relação de troca da fusão, mas está isolado até mesmo dentro da família Fontana, que detém aproximadamente 1% das ações da BRF.

Nos votos à distância, que representaram cerca de um quarto das ações da BRF, a maioria dos acionistas aprovou a fusão. Considerando os votos válidos, 69% dos acionistas aprovaram a operação, segundo boletim de voto à distância da BRF.

O prazo de 21 dias determinado pela CVM para a assembleia começa a contar após a divulgação das informações adicionais solicitadas — e que foram utilizadas pelos comitês independentes da BRF durante o processo de análise da relação de troca.

Segundo a ata da reunião da CVM, divulgada nesta manhã, os acionistas apresentaram uma série de outros questionamentos à fusão que acabaram sendo derrubados pela autarquia, que acabou se detendo ao argumento sobre as premissas adotadas para a relação de troca das ações. Alex Fontana chegou a pedir a interrupção da assembleia, pedido negado pela CVM.

Por volta das 11h, as ações da Marfrig caíam 1,% e os papéis da BRF recuavam 1,5% na Bolsa.

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